Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
Embora as obras do Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas tenham sido inauguradas há 15 dias do pleito, é impossível dizer que tenha se tratado de ato eleitoreiro. O início da construção, nos Kms 26 e 28 da via Anchieta, em São Bernardo, está a todo vapor. Quarta-feira, em meio a forte neblina e garoa que atingiu São Bernardo no fim da tarde, homens e máquinas trabalhavam no local.
A área, de responsabilidade do consórcio Norberto Odebrecht/Constran (vencedor da licitação), já está recebendo fundações para suportar o peso da estrutura, que será iniciada em seguida. Serão R$ 515 milhões somente nesse setor do Trecho Sul.
O governador Cláudio Lembo (PFL), acompanhado do secretário estadual dos Transportes, Dario Rais Lopes, esteve em São Bernardo no dia 15 de setembro para anunciar a tão esperada obra – atrasada em cinco anos.
Na ocasião, o pefelista anunciou que irá pedagiar a rodovia. Motivo: desde que assumiu um acordo bipartite com o governo estadual, a União não liberou sequer um centavo dos R$ 33,9 milhões reservados no Orçamento para o Trecho Sul neste ano. O valor está bem abaixo do acerto inicial, de R$ 700 milhões em quatro anos, ou seja, cerca de R$ 144 milhões por ano.
A cobrança do pedágio será necessária porque o Estado pretende buscar PPPs (Parcerias Público-Privadas) para conseguir finalizar o Trecho Sul do Rodoanel. Com a entrada de empresas, torna-se necessária a concessão.
Com o dinheiro do Estado,será possível abrir as frentes de trabalho para a construção dos nove pontos iniciais, que são os entroncamentos da obra: trevos das rodovias Anchieta, Imigrantes, Régis Bittencourt e avenida Papa João XXIII, em Mauá; pontes sobre as represas Billings e Guarapiranga; cruzamentos sobre as estradas de Parelheiros e Itapecerica, além de acesso à ponte Guarapiranga.
Detalhes – A ala, iniciada no mês passado, já foi alvo de muita polêmica. Além de nascer somente cinco anos depois do Trecho Oeste, entregue em 2001, a obra teve questionamentes na parte técnica e ambiental, exatamente por atingir áreas de mananciais.
Somente o Trecho Sul consumirá cerca de R$ 3,5 bilhões, sendo R$ 2,58 bilhões empregados na construção e o restante gastos com desapropriações, reassentamentos e compensações ambientais.
Os 61,4 km de extensão (57 km de pista e 4 km de ligação) unirão o Grande ABC ao Trecho Oeste. A obra será dividida em cinco lotes.
O primeiro lote a ser iniciado foi justamente o que foi lançado pelo governador, o lote 2, que irá do trevo da Anchieta ao Parque Pedroso, em Santo André.
O Trecho Sul passará por Mauá, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo, São Paulo, Itapecerica da Serra e Embu, desembocando na Régis Bittencourt, no Trecho Oeste. Os dois segmentos ligam sete das 10 rodovias do projeto.
