Travestis terão cirurgia em até 3 meses

O Estado de S. Paulo

qua, 10/06/2009 - 10h58 | Do Portal do Governo

Pelo menos 4 hospitais públicos de São Paulo manifestaram interesse em fazer colocação de prótese mamária

Pelo menos quatro hospitais públicos manifestaram interesse em realizar cirurgias de colocação de prótese mamária em travestis e transexuais. Segundo a coordenadora do programa estadual de DSTs/Aids do Estado, Maria Clara Gianna, ainda serão estabelecidos protocolos e em até três meses este procedimento e a terapia hormonal – administração de hormônios para conferir identidade feminina, como ausência de pelos no rosto – já estarão disponíveis.

A pasta inaugurou na tarde de ontem um ambulatório na zona sul da capital especial para o atendimento geral de saúde de travestis e transexuais e anunciou a disponibilização dos procedimentos, conforme informou o Estado ontem. O novo serviço, que terá capacidade para 300 atendimentos mensais de todos os tipos, é parte das comemorações do mês do orgulho LGBT (sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros).

“A orientação sexual e a identidade de gênero têm implicações sobre a saúde e o sistema tem de estar preparado para este tipo de atendimento”, disse o governador José Serra (PSDB).

Segundo Maria Clara, o serviço oferecerá clínica geral, urologia e proctologia, entre outras. Será realizada avaliação psicológica de todos os pacientes que quiserem se submeter à cirurgia de mamas, à hormonioterapia ou à cirurgia de mudança de sexo, já realizada em hospitais.”A inauguração é um grande avanço”, disse a travesti Taís Souza, de 27 anos, da ONG Centro de Referência da Diversidade e que já viu várias amigas se submeterem à injeções de silicone industrial para ganhar formas femininas. Os silicone pode se deslocar pelo corpo causando danos à saúde.

A iniciativa foi elogiada por responsáveis por serviços semelhantes. Segundo a endocrinologista Amanda Thayde, do ambulatório de Disforia de Gênero da Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia do RJ, o conselho de medicina só permite a terapia com hormônios para transexuais (indivíduo que nasceu no corpo de homem mas se considera mulher, por exemplo), antes e após a cirurgia de mudança de sexo, e não para travestis (um homem com identidade feminina, que não tem necessidade de mudar o sexo, por exemplo). Além disto, afirma Amanda, as cirurgias de mama nem sempre são necessárias porque os hormônios garantem seu desenvolvimento.