Transporte na Baixada

O Estado de S. Paulo - Domingo, 14 de outubro de 2007

dom, 14/10/2007 - 15h01 | Do Portal do Governo

O Estado de S. Paulo – Domingo, 14 de outubro de 2007

O governo do Estado de São Paulo lançou um pacote de projetos para a Baixada Santista, visando à melhoria do transporte de cargas e de passageiros na região. O governador José Serra anunciou investimentos de mais de R$ 140 milhões no Sistema Integrado Metropolitano (SIM), uma espécie de metrô de superfície, que circulará aproveitando o trecho de linha férrea existente entre as cidades de Santos e São Vicente. O projeto reúne a construção de quatro terminais de integração e estações de transferência, que permitirão a ligação com o sistema de transporte público de Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá e Praia Grande.

Estudos mostram que o plano poderá racionalizar as 434 linhas de ônibus existentes na região, tirando das ruas metade da frota de ônibus e, conseqüentemente, reduzindo em 10% a emissão de gás carbônico. O sistema, que deve entrar em fase de teste em três anos, poderá transportar, diariamente, 230 mil passageiros.

Na segunda-feira, na abertura de um fórum nacional que debateu a expansão do Porto de Santos, José Serra anunciou o investimento do Estado no projeto, mas cobrou a participação dos municípios e do governo federal. O custo estimado é de R$ 640 milhões, sendo R$ 430 milhões referentes à infra-estrutura e R$ 210 milhões à operação do sistema.

Levantamentos técnicos-financeiros, realizados em parceria com a companhia francesa Ingeróp, com quem o governo estadual firmou acordo de cooperação, asseguram que o SIM estimulará o desenvolvimento econômico e social da região. Dados preliminares indicam que o sistema poderá trazer R$ 265 milhões ao ano em benefícios resultantes da redução do tempo de locomoção da população, do número de acidentes nas ligações entre as cidades, e da poluição ambiental.

Várias cidades no mundo utilizam sistemas similares, entre elas, Jerusalém, Barcelona, Bordeaux, Lyon e Buenos Aires. Por ser uma área plana, a Baixada Santista oferece boas condições para a operação do sistema, conforme as avaliações técnicas.

Melhorar o trânsito, o transporte público e o transporte de cargas numa região que vive em torno das atividades turísticas e do Porto de Santos é fundamental. O porto é responsável por 41% dos contêineres movimentados no Brasil. Em 2006, isso representou 76,2 milhões de toneladas importadas e exportadas pelo porto.

Além da instalação do SIM, o governo paulista também planeja construir um viaduto no quilômetro 262 da Rodovia Piaçagüera-Guarujá, num investimento de R$ 41 milhões, que será realizado pela concessionária Ecovias. A obra, que começa no próximo mês e tem conclusão prevista para novembro de 2008, foi planejada para eliminar o estrangulamento de pistas, que atrapalha o fluxo de caminhões no trajeto ao Porto de Santos.

Para assegurar maior fluidez do transporte de carga, no entanto, especialistas defendem investimentos acelerados no projeto de construção de 50 quilômetros do Trecho Sul do Anel Ferroviário de São Paulo, o Ferroanel, projeto que se arrasta desde a década de 60 e que é apontado como essencial para facilitar o acesso ao porto. A obra, principalmente seu Trecho Sul, permitiria rapidez no acesso de cargas que deixam o Vale do Paraíba, a zona leste da capital e Minas Gerais rumo ao Porto de Santos.

A construção do Trecho Sul do Ferroanel permitiria que a malha viária da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que na região metropolitana de São Paulo é usada tanto para transporte de carga quanto de passageiros, atendesse exclusivamente a população. Por operar de forma integrada com o metrô, tanto do ponto de vista operacional quanto tarifário, a CPTM apresentou, nos últimos meses, grande aumento no número de passageiros. Portanto, é inadiável a segregação das linhas de cargas e de passageiros.

Estudos mostram que o transporte de passageiros nas linhas da CPTM deverá atingir 3 milhões de pessoas por dia no prazo de três anos, ampliando a incompatibilidade entre os dois tipos de transporte.

Investimentos integrados da iniciativa privada, dos municípios, Estado e União são necessários para eliminar esses gargalos no trânsito e no transporte das regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista, em benefício de todo o País.