Transplantes aumentam no Estado

Correio Popular - Terça-feira, dia 11 de julho de 2006

ter, 11/07/2006 - 10h20 | Do Portal do Governo

Número foi 5% maior este semestre em relação ao mesmo período de 2005; em Campinas, porém, Unicamp registrou queda

Delma Medeiros

DA AGÊNCIA ANHANGÜERA

delma@rac.com.br

As doações de órgãos são a única alternativa para os mais de 50 mil brasileiros que aguardam por um transplante. A boa nova é que, apesar de ainda incipiente, o volume de transplantes realizados no Estado de São Paulo teve um ligeiro aumento no primeiro semestre desde ano, em comparação com o mesmo período de 2005. Campinas, porém, não acompanhou a performance estadual e registrou queda, tanto no número de doações quanto de transplantes, e aumento no número de famílias que se recusaram a liberar órgãos.

Entre janeiro e junho deste ano foram 555 transplantes de órgãos (sem contar os de córneas) nas cidades paulistas, 5% a mais que os 529 feitos no mesmo período de 2005. O número, no entanto, continua menor que em 2004, o melhor semestre na história de transplantes no Estado, com 718 procedimentos realizados.

O balanço mostra ainda resultados positivos nos transplantes de córneas. Foram 2.574 transplantes neste primeiro semestre, volume 13,5% maior que no mesmo período de 2005, com um total de 2.268, e 55% a mais que em 2004, quando foram feitas 1.669 cirurgias.

“Melhorias no processo de captação de órgãos e tecidos e campanhas de conscientização sobre a importância da doação estão surtindo efeito positivo para o aumento de transplantes no Estado”, avalia o coordenador da Central de Transplantes estadual, Luiz Augusto Pereira. Ele diz que o Estado registrou aumento gradativo de transplantes até 2004, historicamente o melhor ano, depois teve uma queda em 2005, e começou a recuperar novamente este ritmo. “As causas são circunstanciais, já que o trabalho de captação é contínuo”, considerou.

Queda

Já em Campinas, com exceção de córneas, houve queda no número de doações e de transplantes realizados. Segundo dados da Organização de Procura de Órgãos (OPO) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), das 55 notificações de possíveis doações registradas este ano, apenas dez se concretizaram. Em 25 casos, a doação não aconteceu por recusa familiar. Em 2005, foram 44 notificações, 19 doações e 17 recusas. Em 2004, as notificações totalizaram 77, com 14 recusas e 42 doações. “2004 foi o melhor ano para transplantes mas não se manteve. Este ano, o volume de notificações aumentou em relação a 2005, mas a recusa familiar também”, diz o coordenador da OPO, Hélder Zambelli.

O número de transplantes realizados no Hospital de Clínicas (HC) no período também caiu. No primeiro semestre de 2004 foram feitos 52 transplantes, número que passou para 39 em 2005 e 22 este ano. “Essa tendência de queda é mundial”, afirmou Zambelli.

A presidente da organização não-governamental (ONG) de estímulo à doação Doe Vida, Izilda Cristina Reinelt, mãe de Eva Reinelt Marques e das gêmeas Anna Paula e Anna Maria, renais crônicas submetidas a transplante de rim no ano passado, diz que ainda há muito que lutar para conscientizar a sociedade sobre a doação. Para ela, a falta de informação é a principal barreira para a doação de órgãos. “A divulgação sobre doações e transplantes tem que ser constante e ampliada a cada dia”, resumiu.

Órgãos doados dão vida nova a transplantados

“O transplante mudou tudo. Hoje sou outra pessoa, com liberdade para tudo. Foi um renascimento.” Assim a psicóloga Eva Cristina Reinelt Marques, de 27 anos, avalia sua vida depois do transplante de rim, ocorrido em agosto passado. Como ela, o estudante João Renato Araújo, de 16 anos, comemora a retomada de atividades simples como andar de bicicleta e skate, usar o computador e desenhar, sua maior paixão, depois do transplante de córnea, há dois meses. “Estou muito feliz. É ótimo voltar a enxergar”, resumiu João Renato. O transplante de Eva foi possível pela doação de um rim pelo pai, João Otávio Marques. Já João Renato recebeu a córnea de um doador morto. (DM/AAN)