Todos contra a Pólio

ValeParaibano - São José dos Campos - Sexta-feira, 4 de junho de 2004

sex, 04/06/2004 - 9h08 | Do Portal do Governo

Luiz Roberto Barradas Barata

Em matéria de saúde pública, São Paulo sempre deu exemplos de pioneirismo e ousadia. Aqui foi realizado o primeiro transplante de coração do país, em 1968, pelo professor Euryclides de Jesus Zerbini. Também foi no Estado paulista que nasceu o programa brasileiro de DST/Aids, hoje modelo para o mundo. E, no âmbito do controle de doenças, São Paulo saiu na frente ao erradicar a poliomielite, popularmente conhecida como paralisia infantil, em 1988.

Em 1989 foram registrados os últimos casos no Brasil, que está livre da doença desde então. Trata-se, sem dúvida, de motivo de orgulho para o país e fruto das campanhas de vacinação em massa realizada ao longo dos últimos 24 anos, com a devida contrapartida por parte da população, que abraçou prontamente a proposta de erradicar a paralisia infantil.

Se a pólio hoje já está distante da realidade brasileira e de boa parte do planeta, o mesmo ainda não se pode dizer sobre alguns países menos desenvolvidos, como Nigéria, Índia e Paquistão, onde o poliovírus ainda circula, representando riscos à saúde das demais nações. Enquanto a paralisia infantil não for erradicada mundialmente, a vacinação em massa deve continuar sendo realizada todos os anos para proteger nossas crianças.

A pólio é uma doença viral aguda grave, que atinge o sistema nervoso central e pode levar à morte. Seus principais sintomas são febre, dor de cabeça, mal estar e, em alguns casos, paralisia permanente com deformidades. Por vezes, a pessoa infectada pelo vírus não manifesta os sintomas, mas pode facilmente espalhar a doença. E a única maneira de se evitar a volta da pólio é com uma alta cobertura vacinal e rigoroso controle epidemiológico.

Por isso, todas as crianças que ainda não completaram cinco anos de idade devem ser levadas aos postos de saúde amanhã, 5 de junho, das 8h às 17h, para receberem a vacina Sabin, contra a paralisia. A segunda dose será aplicada no dia 21 de agosto, durante a segunda fase da campanha.

A meta da Secretaria da Saúde de São Paulo é imunizar 3,1 milhões de crianças contra a pólio nos 645 municípios paulistas, o que representa 95% do público nessa faixa etária.

No ano passado a campanha superou expectativas, com cobertura de 96,8% na média das duas fases. Importante ressaltar que a vacina contra a paralisia infantil não dói -são duas gotas via oral -, é extremamente segura e as reações alérgicas são raras, não havendo, portanto, motivos para preocupações.

Para a primeira fase da campanha deste ano serão disponibilizadas 5,5 milhões de doses da Sabin em 13,9 mil postos em todo o Estado, dos quais 2,4 mil na Grande São Paulo e 11,5 mil no interior. Foram mobilizados 51 mil profissionais, 4 mil carros e 10 barcos para atingir, inclusive, as regiões mais distantes.

Nesta primeira etapa da campanha as crianças que forem aos postos também irão receber doses de vacinas que estejam em atraso, como a tetravalente (contra difteria, tétano, coqueluche e hemófilo), hepatite B e tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba). Já na segunda fase, em agosto, será aplicada a vacina contra a pólio e a tríplice viral, reforçando a imunização contra o sarampo, que foi eliminado do Estado em 2002 graças às campanhas de vacinação.

Garantir uma vida saudável e sem sustos às crianças e da população em geral é um compromisso inadiável. O governo de São Paulo, nesse sentido, não vem medindo esforços para ampliar seus programas de assistência farmacêutica gratuita, controle de doenças e endemias e vacinação. Por isso contamos, mais uma vez, com a cooperação dos pais, que, a exemplo de campanhas anteriores, comparecerão em peso com seus filhos aos postos de saúde neste sábado.

Luiz Roberto Barradas Barata, 51, é médico sanitarista e secretário de Estado da Saúde de São Paulo