Todas as escolas estaduais terão câmeras

Jornal da Tarde - Quarta-feira, 22 de agosto de 2007

qua, 22/08/2007 - 12h14 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Todas as 5,5 mil escolas estaduais de São Paulo contarão com câmeras de segurança nos corredores, nas portarias e em frente às salas que tenham equipamentos como computadores, vídeo e TV. A medida faz parte do novo plano para educação anunciado pelo governador José Serra na segunda-feira passada.

A idéia não é nova: já foi colocada em prática entre 2001 e início de 2002 pela então secretária estadual da Educação, Rose Neubauer. Na época foram investidos R$ 5 milhões para a instalação das câmeras e alarmes em cerca de 1,6 mil escolas estaduais com os maiores índices de violência. Entretanto, é a primeira vez que se garante a implementação dos dispositivos de segurança em toda a rede pública de ensino.

De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, o sistema de monitoramento não terá o intuito de vigiar o aluno, mas será uma medida de segurança. A instalação das câmeras já começa em 2008 – e a meta estabelecida por José Serra é que a implantação na Grande São Paulo esteja concluída em 2010.

Segundo pesquisa parcial feita pela secretaria, cerca de 1,9 mil escolas já têm os equipamentos. O próximo passo será a realização de um levantamento para avaliação do estado das câmeras já instaladas e a implantação nas demais escolas, o que inclui o litoral e interior do Estado.

Até o fechamento desta edição, o JT não conseguiu entrar em contato com a ex-secretária estadual de Educação, Rose Neubauer, para comentar a medida.

Nas escolas

A EE Manuela Lacerda Vergueiro, em Heliópolis, Zona Sul, é uma das escolas que mantêm o sistema de monitoramento de vídeo em funcionamento desde 2002. “Elas estão colocadas em pontos estratégicos como corredores e o pátio. A manutenção é feita com a verba que recebemos para reparos de equipamentos e infra-estrutura da escola”, conta a diretora Nanete Machado de Souza.

Nanete garante que as câmeras inibem a violência e os conflitos dentro da escola. “Atualmente temos cinco câmeras em funcionamento, apenas uma está desativada. A manutenção é fácil e o custo não é alto, pois reciclamos as fitas cassetes gravadas pelo sistema.”

Já Ingrid de Sousa Bento, aluna do 3º ano do ensino médio da EE Manuela Lacerda Vergueiro, acha que as câmeras não fazem muita diferença para os estudantes. “O que acontece nas salas de aula as câmeras não pegam. Tem alunos que chegam a fumar dentro da escola e ninguém fica sabendo.”

O fotógrafo Gildivan Bento, pai de Ingrid, é contra o uso de câmeras na escola. “Em Heliópolis temos exemplos de escolas que driblaram a violência apenas com o diálogo. Não é preciso de câmera de monitoramento para reprimir o aluno, mas sim uma gestão aberta para a comunidade”, reivindica.

Gildivan se refere à Emef Presidente Campos Salles, que driblou a violência por meio da adoção de um modelo de gestão que prioriza a participação dos pais.

Câmeras sem uso

Um professor da EE Deputado José Bustamante, no Itaim Paulista, Zona Leste – que pediu para não ser identificado na reportagem -, conta que na escola onde trabalha e em outras da região as câmeras foram instaladas, mas não estão mais em funcionamento. “As câmeras funcionaram por pouco tempo, acredito que tenha sido problema de manutenção.”

O professor conta que a escola onde atua já foi violenta no passado. “Com o trabalho da equipe pedagógica foi possível reverter esta situação. A gestão participativa é que fez a diferença.”