A afirmação é do governador Geraldo Alckmin, ao sobrevoar o rio ontem, do Cebolão ao Parque Ecológico. Ele também fez a inspeção de barco e, apesar do mau cheiro, disse que já se pode navegar pelo trecho. Ele anunciou obras para tratar esgoto
GILBERTO AMENDOLA
Do alto, ele ainda parece uma mancha de nanquim cortando a Cidade. ‘Agora, imagina esse rio limpo. Imagina toda essa encosta repleta de verde. Isso vai mudar a auto-estima das pessoas’, disse o governador Geraldo Alckmin ao sobrevoar o Rio Tietê.
Esse exercício de imaginação foi proposto ontem de manhã pelo governador durante uma inspeção aérea das obras de despoluição do Tietê. Alckmin saiu de helicóptero do Palácio do Governo e percorreu o trecho do rio que vai do Cebolão até o Parque Ecológico. Lá de cima, um desabafo:
‘Comparar a despoluição do Rio Sena (Paris) e do Tâmisa (Londres) à do Tietê não é correto’, comentou o governador. Ele explicou que tanto um quanto o outro estão próximos do mar e possuem uma vazão maior. ‘O Tâmisa tem tanta água que o porto de Londres fica dentro dele. Já o Sena tem uma profundidade 10 vezes maior que a do Tietê. Tudo isso ajuda na despoluição’, completou.
De barco, a mancha
negra tem cheiro
A segunda parte da inspeção foi feita de barco. De baixo, a enorme mancha de nanquim tem cheiro. Mas o governador parecia não se incomodar. O importante é que já se pode navegar por ela. O aprofundamento da calha no trecho que vai do Cebolão à Barragem da Penha já permite o passeio. ‘Ainda não é o caso de abrir para o turismo. Mas já podemos pensar em várias formas de utilizar o rio’, disse Alckmin.
Uma variedade de garrafas plásticas, caixas de papelão e outros objetos atingiram o barco do governador. ‘Infelizmente, 20% da sujeira do rio não é proveniente do esgoto. São detritos jogados no Tietê. Essa é uma questão de educação’, afirmou.
No que diz respeito ao tratamento de esgoto, a previsão é de que até 2005 o governo entregue 1,2 mil quilômetros de redes coletoras, 290 mil ligações domiciliares, 107 quilômetros de coletores-tronco e 33 quilômetros de interceptores. As obras farão com que o esgoto gerado por mais de 1 milhão de pessoas deixe de ser despejado diariamente na Bacia do Alto Tietê.
Por outro lado, o paulistano levará menos tempo para ver o resultado do Projeto Pomar. Em maio do ano que vem, uma extensão de 25 km de encosta (do Cebolão à Barragem da Penha) já deve estar completamente coberta por uma nova vegetação.
O projeto de despoluição do Tietê e rebaixamento de sua calha conta com o financiamento do BID, BNDES e do próprio governo do Estado. O investimento estimado é de US$ 400 milhões.
Mas e a mancha de nanquim? Quando vai desaparecer? ‘A mancha já sumiu em Barra Bonita e em Salto (cidades do Interior de São Paulo). Nesses lugares já é possível encontrar alguns peixes. Itu será a próxima região a sentir a limpeza. Aos poucos, vamos chegando à Capital’, arrematou o governador.
