Tesouros de Adoniran Barbosa saem do cofre

O Estado de S. Paulo - Quarta-feira, 20 de abril de 2005

qua, 20/04/2005 - 8h41 | Do Portal do Governo

Objetos pessoais do compositor, que ficavam em sala escondida, ganham exposição permanente no Teatro Sérgio Cardoso

Natália Zonta

A malandragem paulistana traduzida em discos, fotos e letras de música agora é oficialmente parte da cidade. Depois de 21 anos esquecido no subterrâneo da Secretaria Estadual da Juventude, Esporte e Lazer, o acervo de obras e objetos pessoais do músico e compositor João Rubinato, mais conhecido como Adoniran Barbosa, começou a ser exposto ontem no Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista.

Os itens haviam sido doados informalmente pela última companheira do compositor, Matilde de Luthis, à Secretaria de Turismo, em 1984, dois anos depois da morte de Adoniran. Foi improvisada no prédio da secretaria, no centro, uma espécie de museu, mas o local não ajudava. As obras e objetos de Adoniran ficavam no subsolo, numa sala chamada de cofre, pois o imóvel havia servido antes como sede para um banco.

O tempo passou, Trem das Onze virou um dos hinos da capital e o acervo continuou escondido. Os pertences do músico que nasceu em Valinhos, no interior, e adotou São Paulo como sua cidade foram vistos por pouquíssimas pessoas. ‘O museu estava bem cuidado, mas poucas pessoas iam até lá’, disse Maria Helena de Rubinato Rodrigues de Sousa, filha de Adoniran e herdeira do acervo. ‘Não havia divulgação. O espaço era bom, mas não apropriado.’

A história começou a mudar há dois anos. Como a Secretaria da Juventude não pode administrar museus, o material foi doado por Maria Helena à Secretaria da Cultura. ‘Agora, historiadores e estudantes vão poder ter acesso às obras. A doação sempre esteve nos meus planos por esse motivo’, afirmou Maria Helena.

A coleção tem pelo menos mil itens, que contam a trajetória do músico. O cenário da exposição é um bar no estilo dos botequins da região do Bexiga, tão freqüentados pelo compositor. Nos primeiros meses de mostra, somente cerca de 40 objetos estarão disponíveis à curiosidade dos visitantes, porque o restante está passando por restauro.

‘Muitas fotografias precisam ser recuperadas, porque foram danificadas pela falta de ventilação do cofre’, disse a museóloga da Secretaria da Cultura Beatriz Augusta Cruz. A recuperação do acervo vai ser bancada pela Ambev e deve custar cerca de R$ 140 mil.

Teatro Sérgio Cardoso – Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista. Informações pelo telefone 3251-5122.