Técnica geológica ajuda a economizar defensivo

O Estado de São Paulo - Quarta-feira, dia 20 de setembro de 2006

qua, 20/09/2006 - 11h13 | Do Portal do Governo

Novo método foi aplicado em pomares e pode reduzir em até 20% quantidade de agrotóxicos

Tânia Rabello

As mesmas técnicas utilizadas em geologia e mineração vêm sendo empregadas na aplicação de defensivos em pomares de citros, visando a reduzir a quantidade aplicada, aumentar a eficiência no combate às pragas e amenizar impactos ambientais. A tecnologia foi desenvolvida no Laboratório de Planejamento e Otimização de Lavra (Lapol), da Escola Politécnica da USP, coordenado pelo professor dr. Giorgio de Tomi, e foi tema da tese de mestrado da agrônoma Miriam Okumura.

O campo de testes foram os pomares da Citrovita, em Itapetininga (SP), que usa a técnica há dois anos, com redução significativa de defensivos. O resultado efetivo da técnica, diz Miriam, é a aplicação localizada de defensivos, onde efetivamente precisam ser aplicados. ‘Técnicos vão a campo fazer o monitoramento de pragas’, explica, acrescentando que esse monitoramento já é rotina em qualquer pomar. No sistema convencional de controle, a partir do momento em que, em determinado talhão, a praga ultrapassa um limite pré-determinado, decide-se pela aplicação em todo o talhão, até nas plantas saudáveis.

SATÉLITE

O diferencial da nova metodologia é que cada planta monitorada, ou seja, cada amostra, tem sua localização definida por satélite, por meio do Sistema de Posicionamento Global (GPS) – tecnologia tradicionalmente usada na mineração. Assim, se o interesse for detectar a incidência do ácaro-da-leprose nos laranjais, anotam-se na planta amostrada quantos ácaros foram observados e a localização de cada uma das plantas em relação ao posicionamento global.

Aliando esses dados coletados no campo aos conhecimentos a respeito do comportamento da praga, além de dados de previsão climática, ventos predominantes e microclima das plantas, entre outros, é possível identificar onde está exatamente o foco principal da praga e para onde ela vai se expandir. ‘Em vez de aplicar defensivos em todo o talhão, aplica-se só no foco principal e seu entorno’, diz Miriam.

A técnica de mineração é esta – no caso de prospecção de minas, as amostras do subsolo, aliadas a outras inúmeras variáveis, indicam o ‘foco’ do minério, ou seja, onde está a jazida. ‘A técnica, geoestatística, foi transposta para o pomar de citros’, diz Tomi. ‘E pode ser usada em qualquer tipo de lavoura.’

Saber onde está o foco principal da praga e para onde ela vai se expandir ajuda a economizar defensivos. ‘Tratamos apenas o foco e seu entorno’, diz. ‘No mapeamento, visualizamos que a incidência de algumas pragas alcançava pequena parte de determinado talhão, embora ela estivesse inserida no foco a ser tratado.’

‘No método convencional, a porcentagem, no talhão, não atingiria o índice indicado para aplicação de defensivos’, continua Miriam. ‘Mas, pela metodologia de detecção do foco, aquela pequena incidência dentro do talhão está na parte periférica do foco, e deve ser tratada.’

SAIBA MAIS: Lapol, tel. (0–11) 3091-6038