Tatuzão cavará túnel de 6,4 km

O Estado de São Paulo - Quinta-feira, dia 17 de agosto de 2006

qui, 17/08/2006 - 10h49 | Do Portal do Governo

Chega a SP no domingo equipamento de R$ 79 milhões, que vai avançar 14 metros por dia

Cley Scholz

O Tatuzão, equipamento de 1.800 toneladas capaz de escavar 14 metros de túnel de Metrô por dia, desembarca no domingo no Brasil, para iniciar a abertura da Linha 4 (Amarela) do Metrô de São Paulo. Será o maior equipamento do gênero em operação na América Latina.

A máquina vai preparar o caminho para a instalação da primeira linha de metrô em regime de Parceria Público-Privada (PPP). Por esse sistema, o Estado vai investir na construção dos túneis e um consórcio privado vai instalar os trens e administrar o sistema.

As obras de engenharia civil estão sendo executadas pelo Consórcio Linha Amarela, liderado pela Odebrecht. Outra associação de empresas, a MetroQuatro, foi escolhida para instalar os trilhos e colocar os trens em operação, a partir de 2008.

O grupo se compromete a investir US$ 340 milhões em linhas, sinalização e trens, e a operar a linha, em troca da renda da bilheteria pelos próximos 30 anos, e mais R$ 75 milhões – em 48 parcelas até 2012.

Com 75 metros de comprimento e 9,45 de diâmetro, o Tatuzão custou R$ 79 milhões. Fabricado pela indústria alemã Herrenknecht, está a caminho do Porto de Santos desde o fim de julho. O equipamento será transportado até São Paulo desmontado, em 87 contêineres. Subirá do porto até a capital pela Rodovia dos Imigrantes, numa operação de transporte especial até chegar ao Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste, onde será montado.

Dali, seguirá, a uma profundidade de cerca de 25 metros, até o poço João Teodoro, perfurado ao lado da Estação da Luz, a uma distância de 6,4 quilômetros. No trajeto, passará por seis futuras estações, todas ainda em construção.

A perfuração deverá levar aproximadamente um ano e quatro meses, segundo engenheiros da Odebrecht, que chamam o Tatuzão pelo nome técnico de shield. Eles definem a “escavadeira de pressão balanceada” como uma verdadeira fábrica que se movimenta debaixo do solo, projetada para perfurar um túnel para a passagem de dois trens, um em cada sentido.

Em outro trecho da Linha Amarela, entre Largo da Batata e Vila Sônia, será usado outro método de escavação (com escavadora e fresa, espécie de broca em forma de cone denteado).

O material escavado pelo Tatuzão sai por um sistema de rosca sem fim, situado na parte frontal, e segue por meio de esteiras rolantes até a Estação Faria Lima, de onde é retirado e transportado por caminhões.

Atualmente, o consórcio encarregado das obras civis emprega cerca de 2 mil trabalhadores, mas o número deverá chegar a 3 mil nos próximos meses. As apólices de riscos de engenharia durante as escavações somam R$ 1,3 bilhão.

O Consórcio Linha Amarela é liderado pela Odebrecht por meio de uma subsidiária, a CBPO Engenharia Ltda., e reúne as empresas Queiroz Galvão, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. A obra conta com a participação de duas empresas de sistemas, a francesa Alstom, nos lotes 1 e 2, e a alemã Siemens, no lote 3.

O lote 1 compreende as Estações Luz, República, Higienópolis, Paulista e Oscar Freire, avançando em um trecho de túnel até a Estação Fradique Coutinho, que faz parte do lote 2. Nesse grupo, estão as Estações Faria Lima, Pinheiros, Butantã e Morumbi, além de um trecho em direção ao Pátio de Vila Sônia, este integrante do lote 3.

O consórcio MetroQuatro, que venceu o leilão da PPP para instalar os trens e operar a linha, é formado pela Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), Montgomery Participações S.A., Benito Roggio Transportes S.A. (concessionária do Metrô de Buenos Aires) e RATP Développement S.A (Metrô de Paris). A CCR é formada pela Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Serveng-Civilsan. O grupo CCR controla seis concessionárias de rodovias estaduais e federais: Ponte Rio-Niterói (RJ), NovaDutra (SP/RJ), ViaLagos (RJ), RodoNorte (PR), AutoBAn (SP) e ViaOeste (SP).