Tatuapé terá o sexto maior parque de SP

Folha de S.Paulo - Terça-feira, 20 de maio de 2008

ter, 20/05/2008 - 16h36 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

A cidade de São Paulo vai ganhar um novo parque público de 286 mil m2 no centro do Jardim Anália Franco, no Tatuapé. Será a sexta maior extensão arborizada municipal, com área equivalente a mais que o dobro da do parque da Aclimação (118 mil m2), no centro.

O novo parque já está pronto, mas seu uso atualmente é restrito a cerca de 20 mil sindicalistas e pessoas dispostas a pagar para usar as dependências do Ceret (Fundação Centro Educativo, Recreativo e Esportivo do Trabalhador).

O Ceret tem uma das maiores piscinas da América Latina, ginásio, quadras e uma extensa área verde. A responsabilidade pela área do parque, hoje a cargo do Estado de São Paulo, será transferida para a Prefeitura de São Paulo na semana que vem.

A transformação da área em parque municipal foi possível a partir de uma representação do Estado ao Ministério Público estadual denunciando uma série de supostas irregularidades.

Segundo a representação, os desvios teriam sido cometidos nos últimos anos pelos membros do conselho de administração do Ceret. O Estado pediu o afastamento deles.

Inaugurado em 1975, o Ceret contava com um conselho onde a maioria (8 de 14 conselheiros curadores) era composta por sindicalistas. O Estado, dono da área, era minoritário nas decisões.

Irregularidades

Segundo a representação encaminhada ao Ministério Público, havia cobrança irregular de estacionamento, contratação de pessoal sem concurso, uso da área para “bota-fora” de entulho de construtoras e fracionamento de despesas para evitar licitações.

Com exceção de 1999, as contas do Ceret não vinham sendo aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado desde 1995.

A representação incluía uma série de imagens do local. Em algumas delas, várias árvores do parque aparecem soterradas até a altura das copas, o que o Estado considerava conseqüência do despejo não-autorizado de entulho no local.

A representação denunciava ainda uma falta total de transparência na contabilidade e receitas do Ceret.

A partir do pedido de explicações encaminhado pelo Ministério Público à administração do Ceret, todos os conselheiros decidiram pedir a renúncia de seus cargos -antes mesmo que houvesse uma ação da Justiça.

A destituição será publicada hoje no “Diário Oficial” do Estado. Os conselheiros do Estado já haviam renunciado por discordar da administração.

O ex-presidente do conselho, o sindicalista Nildo Nogueira, do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, afirma que as irregularidades apontadas não procedem (leia texto ao lado).

Localizado no coração do Jardim Anália Franco, bairro com rápida expansão imobiliária, mais de 80% da área do Ceret é constituída de bosques e conta ainda com pistas de corrida e caminhada, quadras poliesportivas e piscinas.

Algumas dessas áreas só podiam ser utilizadas por não-sócios, considerados “visitantes”, mediante pagamento de R$ 8 por pessoa. Além disso, a administração cobrava R$ 2 por veículo estacionado nas dependências do Ceret.

Antes da década de 70, a área era composta apenas por mata atlântica, até ser desapropriada pelo então governador paulista, Roberto Abreu Sodré (1917-1999). Ele governou o Estado entre 1967 e 1971, dando início à construção do Ceret.