Tarsila tem produção publicada em catálogo

Folha de S.Paulo - Segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

seg, 08/12/2008 - 11h16 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Não é só a Tarsila do modernismo pau-brasil que emerge das 2.318 obras descritas no catálogo “raisonné” (catálogo de referência) que será lançado no sábado, na Estação Pinacoteca.

Uma ilustradora de traços algo clássicos, uma pintora de afrescos e uma autora de telas de influência francesa são algumas das facetas da artista que podem ser conhecidas nos três volumes da publicação, o resultado de um projeto desenvolvido desde 2005 pela Base7 Projetos Culturais e pela Pinacoteca do Estado.

“A função de um catálogo “raisonné” é apresentar a totalidade da obra de um artista. O livro vai servir de base para que críticos e estudiosos possam avaliar qual o peso e a importância dessa produção desconhecida em sua trajetória”, diz a museóloga Maria Eugênia Saturni, coordenadora do projeto. O catálogo foi dividido em três partes: uma dedica-se a pinturas, aquarelas e guaches; a segunda, a desenhos, esboços, estudos e decalques; e a última, à obra gráfica, incluindo ilustrações, gravuras, esculturas e uma fotobiografia.

Um bom cartão de visitas do catálogo foi apresentado para o público paulistano na mostra “Tarsila Viajante”, exibida até março deste ano na Pinacoteca.

Na exposição, além de uma leitura mais atualizada da trajetória da artista, foram exibidos trabalhos como “A Negra” (1923), “Abaporu” (1928) e “Antropofagia” (1929). “Tarsila Viajante” seguiu para o Malba, em Buenos Aires.

“A mostra foi importante porque chamou muito mais gente para procurar nossa equipe com trabalhos para serem avaliados, o que acabou atrasando a conclusão do projeto [era previsto que o catálogo estivesse pronto no primeiro semestre], conta Saturni. “E a itinerância para a Argentina nos deu mais dados para encontrarmos obras dela no país e sua participação em encontros e conferências lá e no Uruguai.”

A equipe seguiu para o exterior em busca de algumas obras de Tarsila. Foi verificado que a artista tem trabalhos na Rússia, na França, na Espanha, em Portugal, nos EUA, na Argentina e no Uruguai. “Soubemos que ela manteve correspondência com Frida Kahlo, mas há poucos dados. E o catálogo é uma obra aberta, sempre pode ser atualizado”, diz a coordenadora, que destaca no Brasil o trabalho realizado pelo Projeto Portinari, que fez um “raisonné” do artista, e o da Fundação Iberê Camargo, que finalizou um dos volumes da produção do pintor, o da sua obra gráfica. Murais e óleo

Outra descoberta da equipe foi a de um conjunto de afrescos feito por Tarsila em uma fazenda que pertenceu a ela, em Itupeva, interior de São Paulo.

“Os atuais donos apresentaram as obras e nós fizemos a catalogação”, conta Saturni. A propriedade onde o conjunto estava foi vendida e vai virar um condomínio. Contudo, os afrescos, feitos em 1927, foram retirados e estão preservados.

O estilo desses trabalhos lembra o colorido da fase pau-brasil da artista, com arranjos tropicais de frutas e flores.

Outro achado foi “Pedras na Paisagem”, de 1918, pintura dos anos de formação da artista, ainda influenciada por Pedro Alexandrino e pela pintura francesa. “Havia registros dela, mas não sabíamos onde estava.

Foi surpreendente quando a encontramos”, conta Saturni sobre a obra, pertencente a uma hoje feliz colecionadora que não quer se identificar.

CATÁLOGO RAISONNÉ DE TARSILA DO AMARAL

Organizadora: Regina Teixeira de Barros

Editora : Base7/Pinacoteca do Estado

Quanto: R$ 390

Lançamento: sáb., na Estação Pinacoteca, às 11h (lgo. General Osório, 66, 0/xx/11/3387-0185)