Tapumes de obras públicas dão espaço para o grafite
Decreto do governador Geraldo Alckmin libera espaços para que os grafiteiros possam expressar a sua arte
Juliana Araújo
O Largo da Batata, na Zona Oeste da Capital, amanheceu mais colorido ontem. Com a permissão do governador Geraldo Alckmin, cerca de 15 grafiteiros chegaram à região por volta das 9h para dar vida às obras da construção da futura Estação Faria Lima do Metrô, que fará parte da Linha 4 (amarela).
Alckmin assinou, às 11h30, um decreto que permitirá o grafite nos tapumes de todas as obras públicas do Estado de São Paulo. A partir das 10h30, eles começaram a trabalhar nas paredes que cobrem a construção, na esquina com a Rua Teodoro Sampaio, de onde é possível observar diversos edifícios depredados por pichações.
‘É legal ter espaço para interferir na cidade sem sofrer repressão’, disse Rafael Highraff, 28 anos, grafiteiro há oito. E haja espaço. ‘As obras estão em áreas estratégicas. Milhares de pessoas poderão curtir’, disse Alckmin, entusiasmado. ‘A gente quer acabar com a pichação e estimular a arte.’
O governador lembrou que a Secretaria da Cultura oferece oficinas gratuitas de grafite. ‘É uma arte que exige estudo’, disse.
O artista plástico Binho Ribeiro, 34 anos, 20 deles empenhados no grafite, ficou esperançoso. ‘É uma oportunidade de contato com a sociedade para mostrar que existem excelentes artistas que ainda não são conhecidos’, afirmou.
Alckmin cumprimentou um por um e chegou a arriscar no spray vermelho. Mas o brilho ficou por conta dos veteranos.
Jey, 28 anos, grafiteiro há dez, também participou da pintura no largo. ‘Por que não pintar os tapumes da cidade?’, questionou. Ele e outros dois amigos são donos de uma galeria que expõe trabalhos relacionados ao grafite. ‘Esse projeto vai dar certo’, desejou.
O Metrô informou que só em obras das linhas 2 e 4 há 28 pontos que podem ser utilizados por grafiteiros. Alckmin disse que as empresas responsáveis pelas obras já foram orientadas a autorizar o grafite.