Tabela mostra nutrientes do que o brasileiro come

O Estado de São Paulo - Quarta-feira, dia 5 de julho de 2006

qua, 05/07/2006 - 10h37 | Do Portal do Governo

Unicamp e governo federal concluíram mais uma parte de estudo da composição de alimentos produzidos, processados e consumidos no País

Niza Souza

Os Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e da Saúde (MS) e o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (Nepa), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), concluíram, na sexta-feira, mais uma etapa da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Taco). A partir de agora, a tabela passa a contar com 503 alimentos, in natura e processados, com a característica de serem produzidos, processados e consumidos no Brasil, como caldo de cana, pamonha, acarajé e até lambari.

Até então, a tabela era composta por 198 alimentos, principalmente os básicos, como arroz, feijão, carnes, frutas, leite, açúcar e sal. Antes da Taco, o Brasil se baseava em tabelas com dados de outros países, que não abrangiam especificamente os produtos nacionais. “Não basta ter o alimento. É essencial que esse alimento tenha qualidade nutricional”, diz o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Onaur Ruano.

CULINÁRIA BRASILEIRA

Na nova versão da tabela foram incluídos alimentos do gênero gorduras e óleos, como azeite, manteiga, margarinas e óleos em geral; bebidas com e sem álcool e alimentos industrializados, como batata chips e biscoito de polvilho.

A tabela destaca os índices de minerais, vitaminas e colesterol e também de ácidos graxos, entre outros elementos. Os professores do Nepa, responsáveis pela elaboração da tabela, destacam que o conhecimento da composição dos alimentos consumidos aqui é fundamental para o alcance da segurança alimentar no País. “Tabelas de composição de alimentos são pilares básicos para educação nutricional, controle da qualidade e segurança dos alimentos, avaliação e adequação da ingestão de nutrientes de indivíduos ou populações”, explicam.

DIETA SAUDÁVEL

É também por meio dessas tabelas que autoridades de saúde pública podem estabelecer metas nutricionais e guias alimentares para incentivar a população a adotar uma dieta mais saudável. A tabela também poderá fornecer subsídios aos pesquisadores que relacionam a dieta com os riscos de doenças ou profissionais que precisam dessas informações para fins clínicos.

Para a coordenadora-científica do Projeto Taco, Delia Rodriguez-Amaya, que faz parte da equipe do Nepa, a tabela pode ajudar a apontar deficiências nutricionais ou incidência de doenças e a adequar a dieta da população. “O estudo é importante para a regulamentação e fiscalização do setor de alimentos e para um comércio cada vez mais consciente, tanto no mercado nacional como internacional”, destaca. Nesta segunda edição, diz Delia, foram inclusos principalmente alimentos processados.

MUDANÇA NO CAMPO

Delia acrescentou ainda que a tabela pode ter influência sobre a escolha do tipo de plantio a ser feito na agricultura e trazer vantagens no que se refere à preservação do meio ambiente. “Com o pensamento mundial voltado à segurança alimentar, os produtores rurais estão começando a pensar não apenas em cultivares resistentes e produtivos, mas também em compostos benéficos para a saúde, nos micronutrientes, como vitaminas.”

O MDS investiu, nesta segunda etapa do projeto da Taco, R$ 933 mil. Para a próxima fase, que deve começar em setembro e vai analisar mais cem tipos de alimentos, o Ministério já destinou R$ 700 mil. A tabela atualizada, com todos os resultados, estará disponível nos sites dos ministérios e da Unicamp a partir de agosto.

(SERVIÇO)SAIBA MAIS:

Unicamp, www.unicamp.br/nepa; MDS, www.mds.gov.br