Supervia liga Interior ao comércio global

Correio Popular - Campinas - Sexta-feira, 21 de novembro de 2003

sex, 21/11/2003 - 9h38 | Do Portal do Governo

Malha rodoviária que conecta Campinas ao porto de São Sebastião vai se transformar em corredor de exportação e importação

Gilson Rei, da Agência Anhangüera

Com um investimento estimado em R$ 700 milhões, o Corredor de Comércio Exterior Campinas-São Sebastião deverá entrar em operação em 2006. Estruturado na malha rodoviária que liga Campinas ao litoral, ele será uma importante via de trânsito para as importações e exportações de todo o interior do Estado, gerando divisas, empregos e crescimento econômico.

A informação foi dada por Dario Rais Lopes, secretário estadual dos Transportes, que participou terça-feira passada, do encerramento da 4ª edição do Scala – Simpósio e Feira de Carga e Comércio Exterior Latino Americano, no Hotel The Royal Palm Plaza, em Campinas.

O corredor rodoviário deverá ter 260 km de extensão e vai conectar o Aeroporto de Viracopos ao Porto de São Sebastião, passando pela região do Vale do Paraíba, onde será criado, na cidade de São José dos Campos, um centro de terminais de logística -unidades de armazenamento, distribuição, reparação, manutenção e liberação de mercadorias – entre as rodovias Carvalho Pinto e dos Tamoios.

Nesse pólo de terminais, as mercadorias poderão ser remanejadas e encaminhadas para as unidades aduaneiras ou para destinatários de qualquer cidade. Lopes disse que o corredor Campinas-São Sebastião deverá alavancar, ainda mais, as exportações do País. “Este corredor vai atender as expectativas de crescimento do comércio exterior nos próximos anos”, explicou. “Hoje, existe apenas o corredor de São Paulo até Santos e muitos produtos que chegam do interior perdem em agilidade e em competitividade. Um segundo corredor já se faz necessário” , afirmou.

Dois anos

A implantação do corredor deverá ser feita em dois anos – até 2006 – porque alguns aspectos do projeto da Secretaria dos Transportes já estão em andamento. Lopes afirmou que o processo está adiantado porque as rodovias já estão prontas e em boas condições entre Campinas e São José dos Campos. “Além disso, já existe uma área disponível para a construção dos terminais de logística e as obras de duplicação nas rodovias entre São José dos Campos até o porto estão em estágio adiantado”, disse.O outra obra em andamento é a ampliação do Porto de São Sebastião, que deverá ter uma expansão de 283 mil metros quadrados em sua área. “Já estamos com abertura de licitação para iniciar as obras, que deverão, no mínimo, dobrar a capacidade de armazenamento e atendimento” , revelou.

Viracopos

Lopes lembrou que é muito importante neste processo que Viracopos amplie sua capacidade. “Afinal, Viracopos deve crescer junto para que este corredor tenha produtos escoando para o exterior ou produtos importados”, explicou. “Essa expansão de Viracopos depende apenas de a Prefeitura de Campinas conseguir uma área para abrigar as famílias, pois o Estado já garantiu que vai construir as novas casas”, revelou.

Ednaldo Pinheiro Santos, gerente nacional de Gestão, Projetos e Logística, da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), disse que o corredor será fundamental para alavancar os negócios com o comércio externo, pois vai tornar o processo mais ágil. “Além disso, os produtos poderão ter preços mais competitivos. O governo brasileiro está apostando nas exportações de produtos agregados e isso deverá gerar um crescimento na produção. Por isso, temos que nos antecipar e dar condições para este crescimento”, explicou.

Capacidade do porto vai quintuplicar com obra

O Porto de São Sebastião será ampliado em 283 mil metros quadrados. Atualmente ocupa uma área de 66 mil metros quadrados e é administrado pela Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa) – empresa ligada à Secretaria de Transportes.

Localizado na costa Norte do Estado, na margem Oeste do canal de São Sebastião, o porto está a 260 quilômetros de Campinas e a aproximadamente 200 quilômetros da capital paulista.

Graças à configuração natural, o canal de São Sebastião é considerado a terceira melhor região portuária do mundo. Isso faz das condições de navegação as mais confortáveis e seguras.

O porto movimenta aproximadamente 400 mil toneladas/ano. Sua produtividade mensal pode chegar a 50 mil veículos; 40 mil toneladas de granel sólido e 20 mil toneladas de carga geral fracionada. Com a ampliação, sua capacidade vai ser multiplicada pelo menos cinco vezes a partir de 2006.

Ao norte do porto, está o Terminal Marítimo Almirante Barroso (Tebar), especializado na carga e descarga de granéis líquidos, petróleo e derivados. É operado pela Petrobrás. Na margem oposta ao canal, está um dos mais belos lugares e importante centro turístico do litoral paulista: a Ilha de São Sebastião, conhecida como Ilhabela.

Com instalações para acostagem e armazenagem, o porto movimenta cargas para exportação e importação. São berços para atracar navios e embarcações de apoio, além de três armazéns cobertos e quatro pátios. O porto já atende a região do Vale do Paraíba e de Campinas; uma parte do Sul do Estado do Rio de Janeiro; Sul de Minas Gerais; e o Mercosul. Com a ampliação e a criação do corredor de exportação Campinas-São Sebastião, a capacidade de atendimento deverá ser pelo menos cinco vezes superior.

Investimento é de R$ 700 milhões

O investimento estimado em R$ 700 milhões para criar o Corredor de Comércio Exterior Campinas-São Sebastião virá do setor público e da iniciativa privada. A duplicação da estrada de Caraguatatuba até São Sebastião está em andamento e vai exigir investimento de R$ 170 milhões, já garantidos pelo governo de São Paulo, através do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Esta obra termina em junho de 2004.

Para as obras de ampliação da rodovia dos Tamoios são calculados um investimento de R$ 300 milhões, que o Governo de São Paulo já incluiu no Plano Diretor do Estado. As obras devem ter início no próximo ano e terminar em 2006.

A ampliação do Porto de São Sebastião será de R$ 100 milhões, vai ser pago pelo Governo de São Paulo e deverá estar pronto também em 2006.

O pólo de logística vai ser feito pela iniciativa privada, a partir de 2004. Mesmo sem ter ainda um projeto, deve exigir investimento de R$ 55 milhões. Já a ampliação do Aeroporto de Viracopos está prevista em R$ 85 milhões, totalizando os R$ 700 milhões.