SP volta a receber remédios do Dose Certa

Jornal da Tarde - São Paulo - Sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

sex, 07/01/2005 - 8h42 | Do Portal do Governo

Governo municipal fechou parceria com o Estado para que suas unidades voltem a receber medicamentos do Programa Dose Certa. Acordo prevê distribuição de 23 milhões de unidades de remédios por mês. A Capital era a única cidade do Estado que não participava do programa desde 2003

Daniel Gonzales e Marcelo Onaga

A Prefeitura de São Paulo fechou com o governo do Estado a parceria para que o programa Dose Certa, da Secretaria de Estado da Saúde, volte a fornecer remédios para as unidades municipais, a partir de hoje. São 40 tipos de remédios que serão distribuídos gratuitamente nos postos de saúde da Capital.

As 400 Unidades Básicas de Saúde da Capital receberão 23 milhões de unidades de remédios (90 toneladas) por mês. Desde o fim de 2003, São Paulo era a única Cidade no Estado que não recebia os remédios, que são produzidos pela Fundação para o Remédio Popular (Furp), em Guarulhos.

A área de saúde foi o principal tema da campanha eleitoral do então candidato José Serra. Em conversas com a população durante suas andanças pela cidade ele se comprometeu a colocar remédios nos postos de saúde já na primeira semana de sua gestão.

Unidades básicas estão sem remédios

Até ontem, contudo, a situação continuava a mesma nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Cidade. Dezenas de pessoas que passaram por cinco postos visitados pela reportagem saíram de lá sem conseguir seus remédios, fossem eles simples comprimidos para dor de cabeça ou drogas controladas – e caras – para depressão, coração e estômago.

“Quem precisa de remédio nesta cidade está perdido. Os postos de saúde não têm e nas farmácias é caro demais”, disse o artista plástico José Cláudio de Oliveira, que foi à UBS do Campo Limpo, na zona sul, com uma lista de remédios e saiu sem nada.

Aos 57 anos ele espera pelo processo de aposentadoria recebendo um auxílio doença. Oliveira teve um enfarte e depois disso ficou com síndrome do pânico. Precisa de remédios para pressão, colesterol, triglicérides e de um anti-depressivo.

“Faz meses que venho aqui, mas nunca encontro os medicamentos”, reclamou. “Quando o Serra esteve aqui no Campo Limpo durante a campanha ele prometeu que na primeira semana resolveria o problema, mas até agora, nada.”

Mesmo que a promessa de Serra não seja cumprida ao pé da letra e haja um atraso de uma semana, pessoas que não conseguiram remédios até ontem dizem que o importante é resolver a situação.

“Quem esperou até agora espera mais um pouco. Faz meses que não tem remédio por aqui e não dá para cobrar que se resolva tudo em uma semana. Mas é preciso colocar medicamentos nos postos, a gente não tem dinheiro para comprar os remédios”, disse a empregada doméstica Elizete da Silva, grávida de sete meses. Desde setembro ela vai à UBS do Jardim Peri, na zona norte, atrás de uma vitamina. “Mas nunca tem.”

Com a filhinha de dois anos no colo, Paloma Oliveira foi ao posto buscar remédios para tosse, mas não encontrou.

“Já vim nesta semana achando que o Serra ia cumprir a promessa. Mas até agora, nada.”