SP vai multar motos nas estradas

O Estado de S. Paulo – quinta-feira, 31 de janeiro de 2008.

qui, 31/01/2008 - 12h38 | Do Portal do Governo

O Estado de S. Paulo

O governo paulista vai aumentar a fiscalização de motocicletas nas estradas estaduais neste carnaval. Cerca de 2,2 mil policiais rodoviários ficarão em passarelas e ao longo das rodovias para punir infrações. O principal objetivo é impedir o tráfego de motos entre as faixas de rolamento, no espaço entre veículos, algo que será adotado como norma de agora em diante. A Operação Cavalo de Aço foi criada porque o número de acidentes envolvendo motos nas estradas estaduais cresceu 32,5% entre o carnaval de 2006 e o de 2007, segundo a Secretaria dos Transportes.

“Não pode andar no meio de dois veículos. A inspeção será muito rigorosa”, prometeu o secretário dos Transportes, Mauro Arce, amparado pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Há dez anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vetou o artigo 56 do CTB, que impedia motos de andarem entre faixas. Mas o consultor em transporte Horácio Figueira destacou outros artigos que permitem a punição de motociclistas que trafegam entre as faixas. “É proibida a ultrapassagem pela direita, é preciso guardar distância de segurança na lateral e também não se pode fazer manobras perigosas.”

De 2002 até 2006, houve crescimento de 72% no número de veículos ciclomotores. A frota paulista é de 2,8 milhões. E a quantidade de acidentes aumentou 83%. Segundo o Mapa da Violência nos Municípios, em 2006 as motos responderam por 25% dos acidentes com morte no País. Com base nesses dados, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luís Paulo Telles Barreto, disse anteontem que o governo pode reinserir o artigo vetado por FHC.

Em São Paulo, de janeiro a julho de 2007, ocorreram 2.775 acidentes com motos (396 por mês) nos 3,5 mil quilômetros de rodovias concedidas no Estado. No Sistema Anchieta-Imigrantes, dobrou o número de acidentes com motos neste réveillon: 147, ante 71 no mesmo período em 2006. Na Anhangüera-Bandeirantes, o número de mortos em acidentes de motos aumentou 52%, de 2006 para 2007. Foram 856 acidentes com motos, há dois anos, ante 1.070 casos em 2007.

Flávio Adura, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), pediu que operações como a Cavalo de Aço sejam permanentes. “O motociclista é o problema emergente do trânsito brasileiro. Ações pontuais colaboram para a diminuição do número de mortos e feridos no trânsito. Mas para conter a epidemia de acidentes são necessárias ações constantes.”

A Cavalo de Aço será apenas parte de uma mobilização maior, a Operação Carnaval. “Vamos aumentar o patrulhamento da Polícia Rodoviária e vamos usar bafômetros para multar quem ingeriu álcool”, disse o governador José Serra.

MEDIDAS PARA CONTER ACIDENTES

AÇÕES ESTADUAIS

Fiscalização: Polícia Rodoviária paulista vai realizar a Operação Cavalo de Aço para coibir infrações dos motociclistas

Corredores: Policiais ficarão em passarelas para identificar motociclistas que circulam entre as faixas de rolamento

Caminhões: fica suspenso o tráfego de veículos de carga pesada

Bafômetro: aumento de 150% do efetivo da Polícia Rodoviária nas estradas. Motoristas serão submetidos a testes de bafômetro para checagem do consumo de álcool

AÇÕES FEDERAIS

Valor de multas: o governo pretende enviar ao Congresso medidas de trânsito rigorosas. O valor das multas pode subir pelo menos 60%. Uma infração grave passaria de R$ 191,54 para R$ 312,21

Criminalização: motoristas embriagados podem passar a responder criminalmente. Condutores autuados duas vezes em velocidade 50% acima da permitida, no um período de um ano, também podem ser incriminados

Velocidade máxima: em estradas sem sinalização, a velocidade máxima passaria de 110 para 80 quilômetros por hora

Celular: falar ao celular no volante pode se tornar infração grave ou gravíssima

Lei Seca: amanhã entra em vigor proibição da venda de bebida alcoólica em rodovias federais

Jornada: o Conselho Nacional de Trânsito estuda medir a sonolência de condutores de ônibus e caminhão para evitar acidentes. No dia 21, a Justiça de Mato Grosso fixou em 8 horas a jornada diária máxima dos caminhoneiros.