SP reduz em 26% gravidez na adolescência

O Estado de S. Paulo - Sexta-feira, 7 de maio de 2004

sex, 07/05/2004 - 8h43 | Do Portal do Governo

Estado, ONGs e municípios decidiram centrar trabalho na baixa auto-estima

RENATA CAFARDO

São Paulo diminuiu seus índices de gravidez na adolescência deixando de falar em doença, para falar em carência. O esforço do Estado, municípios e ONGs para mudar o enfoque da abordagem e da orientação de meninas – e também de meninos – fez cair em 26% o número de grávidas com menos de 20 anos entre 1998 e 2003. No Brasil, segundo o último censo, essa taxa cresceu 14,7% entre 1980 e 2000.

‘Percebemos que o adolescente conhecia bem os métodos anticoncepcionais, mas precisava ter uma mudança de atitude’, diz a coordenadora do programa Saúde do Adolescente da Secretaria Estadual da Saúde, Albertina Duarte Takiuti. Os projetos do governo passaram a reunir não só médicos, mas psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, professores de arte. Parcerias com universidades públicas e privadas formam cerca de 7 mil professores e funcionários da área da saúde por ano para lidar com adolescentes. O foco principal é a insegurança e a baixa auto-estima de meninos e meninas, que acabam impedindo o uso do preservativo.

‘Eu não usava e agora uso quase sempre’, diz, sem jeito, Viviane Ferreira Treite, de 19 anos. Mesmo assim, ela se diz convicta de que não pode engravidar antes de terminar seus estudos e arrumar um bom trabalho. A irmã de Viviane já tem cinco filhos, aos 22 anos.

O número de segundos e terceiros filhos de adolescentes também tem caído ao longo dos anos. Hoje, as adolescentes representam 17,6% do total de partos no Estado. Para Thais Gava, da ONG Ecos Comunicação em Sexualidade, o importante é deixar claro para o adolescente que ele tem outras escolhas.

‘Gravidez não é doença e não podemos dizer a eles que é certo ou errado engravidar.’ Por isso, o trabalho é diferente do realizado com relação às doenças sexualmente transmissíveis e à aids. ‘As discussões têm de girar em torno de responsabilidade e do planejamento do futuro.’

Com a diminuição nos índices, a preocupação agora se fixa na gravidez de meninas entre 10 a 14 anos. A queda na taxa foi de 18% nessa faixa etária, considerada a mais difícil de atingir com os projetos sociais e de saúde. ‘Elas se sentem mais inseguras para pedir orientação. Não sabem se procuram um pediatra ou um ginecologista’, diz o médico responsável pelo setor de Gravidez na Adolescência do Hospital das Clínicas, Marco Aurélio Galletta. ‘As mais novas dependem muito da escola para serem orientadas.’

Segundo ele, há cerca de quatro anos eram atendidas em média 250 meninas por ano no ambulatório; hoje são em torno de 150. A média de idade das pacientes é de 15,5 anos.

A secretaria distribui 200 mil preservativos por mês, em unidades básicas de saúde e em programas de escolas. Mantém também o Disk-Adolescente, há oito anos, para esclarecer dúvidas sobre sexualidade. O número é (0–11) 3819-2022 e o atendimento vai das 11 horas às 14 horas. O jovem não precisa se identificar.