SP quer que presos façam a própria comida

O Estado de S.Paulo - Quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

qui, 26/01/2006 - 19h15 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo – Quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Chico Siqueira

O governo paulista quer acabar com as compras de refeições para presos. Hoje são gastos cerca de R$ 280 mil por dia com as “quentinhas”, para alimentar 35 mil dos 122 mil detentos do Estado. Segundo o secretário de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, esse gasto pode ser reduzido para R$ 105 mil por dia se os próprios detentos fizerem a comida que consomem.”Estamos enfrentando um lobby violento”, disse, referindo-se às empresas que fornecem alimentação aos presidiários.

A secretaria já iniciou em algumas unidades um projeto piloto com o objetivo de preparar as refeições nos próprios presídios. Obras estão sendo feitas em prisões da Baixada Santista para ampliar as cozinhas, que já são tocadas pelos presos. “Os detentos desses presídios vão produzir comida para os presos dos Centros de Detenção Provisória (CDPs) de São Vicente e Praia Grande.”

Atualmente, segundo Furukawa, detentos da Penitenciária de Presidente Venceslau produzem as refeições para os presos de outra unidade. Experiência semelhante ocorre em Bauru. “É interessante para os detentos porque poderão trabalhar e reduzir os dias de pena.”

O secretário disse que os fornecedores de alimentos para detentos estão se organizando para impedir o projeto. “Elas procuram diretores da secretaria e deputados, alegando que a terceirização é perigosa porque os presos vão manipular facas e outros objetos – o que já foi comprovado que não é verdade.”

RAIO X

Até o fim de fevereiro, 27 presídios do Estado deverão receber aparelhos de raio X, entre eles a Penitenciária 1, de Presidente Bernardes, onde no início do mês houve uma tentativa de fuga dos principais líderes do PCC. Cada equipamento custou R$ 101 mil. Duas novas penitenciárias entregues ontem por Furukawa em Lavínia também receberão os aparelhos.

Lavínia, de 5.500 habitantes, tem agora três presídios, com 3.700 detentos. “Tá vendo como penitenciária não é aquilo que as pessoas falam? Se fosse, o prefeito daqui não iria querer esses novos presídios”, disse o secretário.

Antes de participar da solenidade, Furukawa passeou pela Penitenciária 1 de Lavínia, inaugurada em janeiro de 2002. Com capacidade para 768 detentos, ela tinha ontem 1.046 homens. Furukawa entrou na área de convívio dos detentos, mas não ouviu os presos, que se queixaram da superlotação. “Tem cela com mais de 20 colegas”, disse um presidiário, que não quis se identificar.