SP provinciana é registrada por Farkas em livro sobre o Pacaembu

Folha de S.Paulo - Terça-feira, 9 de dezembro de 2008

ter, 09/12/2008 - 16h17 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

 “Não consigo ficar longe do Pacaembu.” A frase de Thomaz Farkas, 84, serve de síntese para apresentar mais um livro com fotografias de sua autoria, que é lançado hoje no Museu do Futebol, sediado no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

O fotógrafo, cineasta e produtor húngaro radicado no Brasil desde 1930 hoje mora em Higienópolis, nada distante do estádio e do bairro que foi foco de suas lentes nos anos 40, que retrataram paisagens com ar rural e freqüentadores dos dérbis paulistas trajando terno, gravata e chapéu.

“Thomaz Farkas, Pacaembu” tem alguns dos seus registros mais famosos, como os que fazem da antiga concha acústica (demolida para construírem o atual tobogã) espaço para experimentações geométricas.

Essas experiências foram importantes para firmar o nome de Farkas como um dos renovadores da fotografia brasileira, ao lado de parceiros do Foto Cine Clube Bandeirante (e também transgressores), como Geraldo de Barros (1923-1998) e German Lorca, 86.

Mas é dos momentos da infância que o Pacaembu ressoa mais nas memórias do corintiano Farkas. “Brincava muito e fotografava muito por lá”, conta ele à Folha, que foi morar na antiga travessa Buri, depois de anos na Bela Vista. Farkas lembra bastante da Esquadrilha Invencível, turma das redondezas que pedalava pelos caminhos de terra do bairro e que promovia disputados combates de espadas de mentira.

“Desde pequeno, o bairro me marcou muito. Tenho de agradecer aos meus filhos [Kiko e João] pela seleção das imagens e pelo texto do Juca [Kfouri, colunista da Folha, que assina a introdução]”, diz o fotógrafo, que doou cerca de 35 mil imagens originais para o Instituto Moreira Salles, que cuidará da sua preservação e digitalização.

“Agora tudo está seguro.” Grande parte dos registros de “Thomaz Farkas, Pacaembu” é do público do estádio nos anos 40, a maioria em trajes elegantes e em alguns cliques bastante conhecidos, como o das crianças balançando as pernas nas arquibancadas. Mas o interesse maior da publicação vem de imagens menos conhecidas, como as que retratam o loteamento da Companhia City, ainda em desenvolvimento, pontuado por barrancos, ruas sem asfalto e horizontes livres de construções.

THOMAZ FARKAS, PACAEMBU

Editora: DBA

Quanto: R$ 90 (142 págs.)

Lançamento: hoje, das 18h30 às 21h30, no Museu do Futebol (estádio do Pacaembu, pça. Charles Miller, s/ nº)