Folha de S.Paulo
A São Paulo Companhia de Dança, grupo oficial do Estado, sobe ao palco do teatro Sérgio Cardoso de hoje a domingo para a primeira temporada em sua cidade-sede. O grupo, criado pela Secretaria de Cultura do Estado no início do ano, apresenta “Polígono”, obra do coreógrafo italiano Alessio Silvestrin feita especialmente para a companhia. A apresentação desta noite -só para convidados- acontece depois de um giro por três cidades (Caraguatatuba, Santos e Ribeirão Preto). A diretora artística do grupo, Iracity Cardoso, acredita que agora os bailarinos estão, sim, prontos para uma première de verdade em São Paulo. “Fizemos um trabalho em tempo recorde”, diz ela, referindo-se ao início efetivo dos ensaios em abril com os bailarinos selecionados durante audições em fevereiro e março. “Foram dois meses de aulas, e outros dois para a montagem da obra de estréia. As viagens pelo litoral e interior foram fundamentais para o amadurecimento da companhia, cuja maior dificuldade neste começo é adquirir cumplicidade. E agora já é possível perceber uma energia única no palco”. Silvestrin chegou aqui com a experiência de quem já havia coreografado e dançado no Bal-let de Lausanne (grupo fundado por Maurice Béjart) e no Balé da Ópera de Lyon, além de ter trabalhado com William Forsythe no Balé de Frankfurt. Toda a criação da obra partiu da música escolhida, “Uma Oferenda Musical”, de Bach, em releitura contemporânea do grupo belga Het Collectief. Silvestrin trabalhou com 30 bailarinos dos 40 que formam o grupo, usando em cena uma mistura de duos, trios, quartetos e danças de conjunto, para ilustrar coreograficamente a partitura musical. “Ele trabalhou em cima das partes musicais. Cada novo instrumento que surge ganha uma resposta coreográfica”, afirma Iracity.
Polêmica
O lançamento da São Paulo Companhia de Dança, no início do ano, gerou uma polêmica nos bastidores da cena coreográfica da cidade. O secretário estadual de Cultura, João Sayad, disse que o grupo buscava excelência na dança. Essa declaração fez com que coreógrafos e companhias independentes questionassem se o trabalho feito por eles não deveria também ser considerado de “excelência”. Outro motivo de debate foi a verba destinada à companhia neste primeiro ano: R$ 13 milhões, enquanto todos os outros projetos de dança dividiram R$ 1,4 milhão previsto para a área dentro do Programa de Ação Cultural (PAC) 2008.
POLÍGONO
Quando: estréia hoje para convidados; sex e sáb, às 21h, dom, às 19h; até 7/9.
Onde: teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 0/xx/11/3251-5122)
Quanto: R$ 10 e R$ 20
Classificação indicativa: livre
