Só erudito no Festival de Inverno

Diário do Grande ABC - 4/6/2003

qua, 04/06/2003 - 10h18 | Do Portal do Governo

Gislaine Gutierre


Diário do Grande ABC – 4 de junho de 2003

O Festival de Inverno de Campos do Jordão volta às suas origens. Para a 34ª edição, que ocorre de 5 a 27 do próximo mês, o evento deixa de incorporar a música popular – que já proporcionou shows de artistas como João Bosco, Banda Mantiqueira e outros – para se concentrar basicamente na música erudita e nos talentos nacionais. A formação de músicos, que no princípio era prioridade, volta reforçada. A venda de ingressos (de R$ 5 a R$ 50) deve começar na semana que vem.

“Campos do Jordão sempre foi uma vitrina da música erudita. Foi assim desde o começo, sob o comando do maestro Eleazar de Carvalho, e era esse modelo que estávamos buscando. O ano inteiro há música popular brasileira em todos os lugares”, disse a secretária de Cultura Claudia Costin, em coletiva de imprensa realizada ontem. Segundo ela, a própria comunidade de Campos do Jordão optou pela volta aos velhos moldes.

Para esta 34ª edição, a Secretaria trabalha com a estimativa de R$ 2,2 milhões de custo total. Toda a verba é proveniente de patrocínio. O governo do Estado entra com infra-estrutura e participação dos corpos estáveis.

Em relação ao ano passado – quando o Festival teve MPB e erudito, e várias atrações internacionais – a diferença do orçamento não é gritante. Em 2002, o custo total foi de R$ 2,7 milhões. Uma redução que não afetaria tanto a programação, caso as prioridades não fossem revistas: “Isso não se prende só à questão do investimento na música brasileira. Desta vez, ampliamos em 70% o número de bolsas e enxugamos gastos”, disse a secretária.

Para ela, “é inaceitável esse apartheid cultural, em que a elite tem direito a um tipo de arte e o povo, a outro”. Por isso, o Festival de Inverno de Campos do Jordão tem como uma das propostas a formação de público. Caberá a dois grupos da região – Sinfônica de Santo André (com regência de Flavio Florence) e Filarmônica de São Caetano (Antonio Carlos Neves Pinto), que estréia no evento – parte desse trabalho.

Ambas as orquestras se apresentarão na Praça do Capivari, em concertos gratuitos, ao ar livre, e com repertório recheado de obras mais “populares”. “Um concerto ao ar livre sem dúvida fica prejudicado porque há carros passando, barulho, e a acústica não é tão boa. Mas essa é uma oportunidade de levar a música onde o povo está. Esses riscos mais tarde vão dar frutos”, afirma o maestro Antonio Carlos Neves Campos, que cuidou da parte artística do Festival. Fora isso, haverá programação voltada para crianças e a difusão de partituras pelo site www.cdmcc.com.br

Ainda em relação à programação, o maior destaque é a Osesp, em boa fase. É ela que receberá alguns dos destaques entre estrangeiros: a soprano Anne Margarette Dahl e a contralto Susanne Resmark.

O Festival terá um pré-lançamento com concerto da Orquestra Sinfônica Paulista, com solo do pianista Arnaldo Cohen, no dia 1º de julho, no Clube Atlético Paulistano, em São Paulo (tel.: 3065-2000). Mais informações pelo site www.festivaldeinverno.sp.gov.br.