Gazeta Mercantil
O governo do estado de São Paulo vai investir R$ 16,5 bilhões, até 2010, em transportes públicos. “Vamos receber 99 trens – 42 aguardam ordem de serviço e 57 estão em fase de licitação”, disse o secretário de Transportes Metropolitano, José Luiz Portela à Gazeta Mercantil.
O Plano de Expansão do Transporte Metropolitano – como foi batizado o projeto – tem como objetivo a ampliação da rede com a criação de novas linhas ferroviárias e a introdução de tecnologias como o ônibus a hidrogênio, da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU). O ônibus está em fase de teste no corredor de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. Além disso, os investimentos visamos garantir a melhoria da qualidade dos serviços, principalmente do Metrô.
Inicialmente, estava prevista para o desenvolvimento do plano uma soma de R$ 15,5 bilhões. A Prefeitura de São Paulo, porém, decidiu injetar mais R$ 1 bilhão para viabilizar a ampliação da linha 5 Lilás do Metrô, que vai interligar o bairro de Capão Redondo ao Largo Treze de Maio, na zona sul da capital paulista. Para essa linha, a expectativa é de que, até 2010, o número de usuários passe de 22 mil por dia. “Foi importante essa decisão do prefeito paulistano Gilberto Kassab em colaborar, entendendo a nossa preocupação com o transporte público”, diz Portela.
O transporte sobre trilhos vai receber R$ 9,5 bilhões do orçamento do estado, diluídos ao longo de quatro anos. Outros R$ 5,5 bilhões virão através de financiamentos do Banco Mundial (Bird), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid) e J-Bic (banco de fomento do governo japonês). Pouco mais de R$ 500 milhões são esperados com operações especiais do Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (Fidc) e outros R$ 3,7 bilhões de Parcerias Público-Privadas (PPP). Com isso, os investimentos podem superar R$ 20 bilhões. “Em 40 anos do Metrô, nunca houve recursos dessa ordem. Até o final de 2010, teremos 240 quilômetros de linhas com padrão metrô e o aumento de 55% no número de pessoas transportadas sobre trilhos”, explica o secretário.
Para o Metrô, que ficará com a maior fatia, estão destinados cerca de R$ 9 bilhões para a ampliação de 12,8 quilômetros nas linhas 4 Amarela e 5 quilômetros da linha 2 Verde – extensão da Estação Imigrantes até a Estação Vila Prudente. O primeiro trecho Imigrantes- Ipiranga, de 1,2 quilômetro, já foi entregue. Além disso, está previstas a modernização das linhas 1 Azul e 3 Vermelha.
Já a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) ficará com pouco menos de R$ 6 bilhões e, a exemplo do Metrô, esse montante será utilizado na ampliação de 33 quilômetros de linhas, que chegarão a 290 quilômetros. “Com todos esses investimentos, será possível um aumento de 55% do uso do sistema de transportes sobre trilhos”, afirma Portela.
O Plano de Expansão do Transporte Metropolitano não visa somente a melhoria do transporte público. Existe também o foco ambiental. Com a utilização do ônibus movido a hidrogênio — uma tecnologia limpa que vai reduzir a emissão de gases poluentes –, serão gerados créditos de carbono. “Depois de os projetos serem avaliados pela Organização das Nações Unidas (ONU), isso vai nos garantir mais recursos. A idéia é comercializar esses créditos e reverter o dinheiro para o Metrô. Vamos formar uma equipe especializada para cuidar desse negócio. Por enquanto, precisamos desenvolver o plano de expansão”, diz o secretário.
Segundo a pesquisa Origem e Destino, realizada pelo governo paulista em 2002, o número de viagens urbanas na Região Metropolitana de São Paulo chega a 39 milhões por dia.
