Setor investe para agregar mais valor ao café brasileiro

A Tribuna - Santos - Segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

seg, 15/12/2003 - 10h15 | Do Portal do Governo

Vânia Lúcia Augusto, editora de Economia

O Brasil precisa cada vez mais agregar valor ao café e, para isso, é preciso investir na qualidade do produto, afirma o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Duarte Nogueira. ‘‘Por isso o Governo do Estado, a Câmara Setorial do Café, os traders e toda a cadeia produtiva estão trabalhando na certificação da qualidade do produto’’.

A necessidade de apostar na qualidade do café se deve ao fato de que embora o Brasil seja o maior exportador de café verde do mundo, perde o título de maior exportador de café industrializado para a Alemanha. Segundo Duarte Nogueira, ‘‘no ano passado exportamos 28 milhões de sacas de café e ganhamos US$ 5 milhões com este negócio. Mas Estados Unidos, Alemanha e Itália faturaram, juntos, US$ 660 milhões agregando valor ao café e importando o produto industrializado. Eles ganharam dinheiro com a nossa matéria-prima’’.

Os maiores exportadores mundiais de café industrializado são Alemanha e Itália, sendo que a Alemanha é a maior compradora de café verde do Brasil. ‘‘Ou seja, ela importa o melhor café do mundo, agrega valor ao produto, torrando e moendo os grãos e depois vendendo para outros países’’, alerta o secretário.

Segundo ele, o Brasil precisa agregar mais valor ao café e, para isso, o Governo do Estado está incentivando os investimentos em produtos de qualidade. São Paulo foi o primeiro estado do País a implantar o Selo de Qualidade para o Café Torrado e Moído, uma das fases do Programa Selo ‘‘Produto de São Paulo’’, criado em 2002.

O programa é voltado para produtos que possuam qualidade superior, através do controle de todo o processo produtivo, com o objetivo de atender melhor o consumidor; aumentar a competitividade do agronegócio nos mercados interno e externo e, sobretudo, promover a agregação de valor dos produtos agroindustriais.

As empresas paulistas de torrefação do café são certificadas pela Fundação Vanzolini e recebem autorização para colocar nas embalagens os Selos de Cafés dos tipos Gourmet e Superior. Mais de 20 companhias já entraram com pedido e passam por um processo de adequação às normas técnicas do programa.

Exportações

As exportações brasileiras de café torrado e moído devem alcançar este ano algo próximo a US$ 12 milhões, três vezes mais que o valor obtido em 2001. Desses US$ 12 milhões, São Paulo responde por cerca de 20%.

Minas Gerais é responsável pela maioria das vendas de café industrializado, porque as principais exportadoras, como Café Bom Dia e Segafredo, estão localizadas em solo mineiro. No entanto, algumas empresas de grande porte de São Paulo, como Sara Lee e Melitta (as duas maiores do Brasil), hoje focadas no mercado interno, já deram sinais de que, em breve, começarão também a exportar.

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