Sessão solene comemora os 70 anos da USP

O Estado de S. Paulo - Segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

seg, 26/01/2004 - 9h50 | Do Portal do Governo

RENATA CAFARDO e FÁBIO DIAMANTE

O governador Geraldo Alckmin (PSDB), secretários de Estado, parlamentares, acadêmicos e o diretor do Estado, Ruy Mesquita, participaram ontem da sessão solene do Conselho Universitário, em comemoração aos 70 anos da Universidade de São Paulo (USP). Durante a solenidade, realizada no Palácio dos Bandeirantes, foram lembradas a tradição e a importância da instituição no Brasil e sua projeção mundial. ‘Pela ciência, vencerás, é o lema da USP. Pela ciência, está vencendo há 70 anos’, disse Alckmin.

‘A história moderna do Brasil se divide em duas fases: antes e depois da USP’, afirmou Ruy Mesquita, que compôs a mesa das autoridades, ao lado do governador e do reitor Adolpho José Melfi, entre outros. A participação de Júlio de Mesquita Filho (pai do diretor do Estado) e do então interventor federal em São Paulo Armando de Salles de Oliveira no processo de fundação da universidade, em 1934, foi lembrada nos discursos.

São Paulo – ‘A universidade era necessária para que São Paulo voltasse a ser hegemônica na República’, disse Ruy Mesquita. Ele ainda ressaltou a importância da USP na formação do quadro de professores em praticamente todas as instituições de ensino superior do País. ‘O resto é tudo conseqüência.’ O diretor do Estado estava acompanhado de seus filhos Fernão Lara Mesquita e João Lara Mesquita.

‘Cá estamos, o saber diante do poder’, disse o professor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco Antonio Junqueira de Azevedo, cujo discurso abriu a solenidade. O professor defendeu a adoção do sistema de cotas para negros nas universidades públicas. ‘Visa ao futuro (as cotas), abrindo caminhos para um Brasil melhor.’

Após a sessão solene, Alckmin afirmou ter ‘simpatia’ pela idéia, desde que inclua alunos de escolas públicas. ‘Sou o típico paulista, cursei o ensino médio em escola pú-blica e fiz faculdade particular. Devemos aprofundar um estudo (sobre cotas) e só teremos uma posição definida mais tarde.’

O governador destacou ainda a complementação dada pelo governo ao orçamento das universidades estaduais paulistas, como a verba destinada ao novo campus da USP na zona leste e às próximas unidades da Universidade Estadual Paulista (Unesp) no interior e na capital.

O reitor Melfi reclamou do fato de as universidades públicas estarem sendo atualmente tachadas de elitistas e custosas para o governo. ‘É preciso lembrar que as universidades são as grandes produtoras de ciência e tecnologia do País.’ Para o reitor, o ‘ponto alto’ da comemoração dos 70 anos da USP é a abertura do campus da zona leste, que deve ser concluído este ano.

Dezenas de autoridades prestigiaram o evento, que foi encerrado com a apresentação da Orquestra Sinfônica da USP. Os secretários de Estado da Cultura, Claudia Costin, e da Ciência e Tecnologia, José Carlos de Souza Meirelles, fizeram parte da mesa. O da Educação, Gabriel Chalita, também esteve presente.

Após a solenidade, foi entregue aos presentes uma nova edição do livro História da Universidade de São Paulo, de Ernesto de Souza Campos. A obra foi lançada originalmente em 1954.

Protesto – Alunos de graduação e pós-graduação da USP, no entanto, ensaiaram um protesto. Eles questionaram a falta de moradia estudantil no novo campus. ‘Inviabilizando a permanência de muitos estudantes menos abastados na universidade, tal qual ocorre em todos os atuais campi’, dizia a carta aberta enviada ao Conselho Universitário. Os estudantes burlaram a segurança e entregaram ao reitor e ao governador uma cópia da carta. Alckmin disse que o protesto estava registrado e o documento seria entregue à comissão que cuida da construção da USP Leste. Os alunos questionaram também a falta de democracia na estrutura administrativa da universidade, que indica reitores de forma indireta.