Serra diz que SP assumirá dívida do Incor

Folha de S.Paulo - Quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

qua, 28/02/2007 - 12h10 | Do Portal do Governo

FOLHA DE S. PAULO

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), anunciou ontem que assumirá a dívida da Fundação Zerbini, que administra o Instituto do Coração de SP, com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A medida era uma exigência do banco para renegociar a dívida de R$ 120 milhões -referente a empréstimo tomado há mais de 10 anos para a construção de um anexo do prédio principal do Incor.

A fundação é um órgão de apoio ao hospital, o maior de cardiologia da América Latina. Está em crise financeira desde o ano passado -além da dívida com o BNDES, a fundação deve mais R$ 126 milhões para outras instituições (segundo Serra, com a negociação, a fundação terá condições de arcar com o restante da dívida).

Caso a renegociação com o BNDES seja confirmada, a principal vantagem para o Estado, segundo o secretário da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, será a passagem de todos os equipamentos do hospital da fundação para o patrimônio do governo estadual.

Além disso, mudará a correlação de forças no conselho deliberativo da instituição -a fundação terá apenas 4 membros dos 8. Hoje possui 6. Os demais serão indicados pelo Hospital das Clínicas e outros órgãos convidados.

Outra exigência do governo para assumir a dívida foi a de que Zerbini deixe de administrar o Incor de Brasília. Isto é, será preciso encontrar outra entidade para cuidar da “filial”.

Além disso, o governo solicitou corte de 70% dos funcionários administrativos da Zerbini e estabelecimento de um teto salarial equivalente ao do funcionalismo estadual.

Segundo o governador Serra, o BNDES tem interesse na negociação “porque ele está com o mico na mão, referindo-se às dificuldades da fundação para honrar a dívida.Fundação

Segundo o atual presidente do conselho curador da Zerbini, Jorge Kalil, a maior parte das medidas em negociação já vinha sendo implementada, como o corte de funcionários.

Aldemar Sabino, diretor da fundação, porém, destacou que antes de retirar a Zerbini da gestão do Incor de Brasília é preciso resolver a dívida da unidade, de R$ 30 milhões.

Em 2006, o então governador Claudio Lembo (PFL) disse que o governo não ajudaria financeiramente a fundação, por ser uma entidade privada.

Após a posse de Serra, o governo mudou de opinião. “Quando assumi, disse ao [secretário] Barradas: “olha, podemos entrar desde que eles cumpram um mínimo de exigências para melhorar o problema a médio prazo'”, disse Serra. “Senão não adianta nada, você resolve, socorre, e o problema se reproduz daqui a alguns anos.”

Sabino, diretor da fundação, comemorou: “Nós não temos dinheiro [para pagar a dívida]. O Serra entendeu.”