Serra dá aula em escola estadual

Jornal da Tarde - Quarta-feira, 14 de março de 2007

qua, 14/03/2007 - 10h36 | Do Portal do Governo

Do Jornal da Tarde

A tarde de ontem foi diferente para o governador José Serra, que assumiu o papel de professor e deu uma aula de 50 minutos para 37 alunos de 4ª série da Escola Estadual Paulo Monte Serrat, localizada na Vila Leme, Zona Leste, que foi apontada pela leitora do Jornal da Tarde Marina Refinetti como modelo de qualidade de ensino.

A escola conta com 400 alunos, de 1ª a 4ª série. O JT atendeu a sugestão da leitora e publicou a reportagem em 3 de março (leia abaixo). A matéria chamou a atenção do governador, pois a escola conta com uma equipe de professores entrosada e antiga, o que resulta em estudantes com ótimos índices de aprendizagem.

A visita de Serra à escola contou como hora/aula dada aos alunos. A turma recebeu exemplares do JT, praticou a leitura de notícias, o entendimento de gráficos e discutiu futebol e política. O governador concedeu também uma entrevista exclusiva ao JT:

JT: A receita ‘futebol, tabuada , jornal’ é o segredo de uma boa aula?

Serra: Na verdade, eu uso o futebol para ensiná-los a ler uma tabela, um gráfico, pois o futebol é um tema que motiva muito as crianças. Aproveitei para incentivá-los a ler em voz alta e pude ver que esses alunos já sabem interpretar, têm boa pontuação. Fiz questão de introduzi-los ao jornal, para a partir daqui criarem o hábito de ler as notícias diariamente.

Como o senhor avalia o desempenho dos alunos de 4ª série da Escola Estadual Paulo Monte Serrat?

Eles estão acima da média, pois souberam interpretar as notícias de jornal, entenderam os gráficos. Obviamente que eu não conseguiria ensiná-los em uma aula todo o conceito de porcentagem, mas pela introdução que dei pude avaliar que eles estão preparados para aprender.

É esta a linha que o senhor pretende implantar em toda a rede estadual por meio do Ler e Escrever?

Exatamente, é essa proposta. A turma para a qual dei aula hoje é diferenciada, é a melhor que já visitei .

Além da ênfase à leitura, o senhor pretende adotar dois professores por sala. Porém, o ex-secretário estadual de Educação Gabriel Chalita declarou recentemente que tal prática foi adotada em outros países e não deu certo. Como o senhor avalia essa afirmação?

Eu não li a declaração dele, mas essa é uma proposta que passamos a adotar na Prefeitura de São Paulo e que tem funcionado bem. Inclusive muitos colégios particulares também usam isso.

O secretário municipal de Educação Alexandre Schneider disse recentemente ao ‘JT’ que a rede municipal adotará, em breve, um sistema de avaliação por desempenho que levará em conta desde a evasão escolar dos alunos até a assiduidade e a participação dos docentes. Isso daria certo na rede estadual?

Essa é uma linha que eu mesmo comecei a desenvolver quando estava na Prefeitura. No entanto, essas são idéias que estamos levando em conta em nosso programa de Educação que logo será apresentado.

Cerca de 90% dos professores da EE Paulo Monte Serrat trabalham na escola há mais de cinco anos. Possuir uma equipe antiga não é o ideal para todas escolas da rede estadual de ensino?

Essa estabilidade é o ideal, mas nesse contexto a direção da escola tem papel-chave, pois é ela quem dá orientação. E a EE Paulo Monte Serrat demonstra que com os recursos disponíveis é perfeitamente possível ter um aproveitamento muitíssimo maior do que a média da maior parte dos alunos.

O MEC, por meio do Programa de Desenvolvimento da Educação, pretende contar com o apoio dos Estados e Municípios para a elaboração de diretrizes que incluem desde a escolha criteriosa de diretores até o incentivo para a formação de Conselho de Escola. Será que essas serão medidas que ajudarão o governo a melhorar os índices de qualidade das suas escolas?

Aguardarei a proposta concreta para comentar o programa.