Serra busca verba internacional para o trem Campinas-SP-Rio

Correio Popular - Terça-feira, 18 de março de 2008

ter, 18/03/2008 - 10h56 | Do Portal do Governo

Correio Popular

José Serra (PSDB) confirmou ontem a inclusão do ramal Campinas-Guarulhos no projeto do trem de alta velocidade entre São Paulo e o Rio de Janeiro, para o qual o governo do Estado vai destinar cerca de R$ 500 milhões. Em entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes de Campinas, Serra falou da Holanda, onde participa de um congresso internacional de trens. “Como nós temos vários projetos em São Paulo, eu vim aqui falar sobre isso, conhecer novas experiências e, naturalmente, atrair o interesse do setor privado internacional (para o projeto).”

De acordo com o tucano, é fundamental desenvolver o transporte ferroviário no Brasil. “A idéia é poder fazer Viracopos-Guarulhos e então Rio de Janeiro”, disse o governador. “Assim, você facilita muito o transporte de mercadorias, de pessoas, enfim, a integração econômica de São Paulo. A região de Campinas e a da Capital têm de ter uma integração de trilhos muito bem-feita”, afirmou. Serra argumentou ainda que uma ligação somente entre Campinas e a Capital não teria viabilidade econômica. Mas, ao integrá-lo aos trilhos da linha SP-RJ, o cenário muda completamente.

Segundo o governador, o projeto defendido por ele prevê a construção de um só trem, de Campinas (Viracopos) até o Rio (Galeão). Ele descarta o que chamam de trem-bala. “A idéia é um trem rápido, de alta velocidade, porque não se justificaria um trem-bala uma vez que há necessidade de paradas intermediárias para ter um rendimento maior”, disse. Pelos estudos originais do trem-bala, o trecho Rio-SP seria percorrido em uma hora e 25 minutos (veja quadro ao lado nesta página) — com o trem de alta velocidade, em no máximo duas horas.

Serra destacou ainda na entrevista que o Estado vai investir R$ 17 bilhões em tudo que se refere ao projeto férreo. “Isso envolve estradas que complementam os trens, todo o parque ferroviário, nós vamos fazer a maior modernização da história. Estamos comprando agora 99 trens novos, composições com locomotivas e vagões, mais confortáveis e seguros.” Uma fonte de recursos viável, citada pelo governador, diz respeito à Companhia Energética de São Paulo (Cesp), cujo processo de privatização está em estágio adiantado.

O tucano salientou ainda que viu em Haia, também na Holanda, um Veículo Leve sobre Trilho (VLT) com capacidade para transportar de 200 a 300 passageiros, ideal para a comunicação dentro das grandes zonas urbanas, ou mesmo entre cidades. “Como exemplo, não é uma decisão, não estou olhando isso, mas o Corredor Noroeste, que está em obras na região de Campinas, tem toda condição no futuro de implantar esses veículos leves, que funcionam muito bem, não poluem, não fazem barulho e vão rápido.”

De acordo com Serra, o Brasil transporta 60% de sua carga e de passageiros por estradas, na exata proporção inversa dos países desenvolvidos. “O Brasil precisa mudar para o trem e a região de Campinas tem de ter uma interligação por trilhos bem-feita, porque você pode não fazer projeto malfeito, que crie ilusão e depois não funcione”, ressaltou o governador.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve apresentar os detalhes do projeto do trem de alta velocidade, incluindo sua viabilidade econômica, até o final deste ano. “O custo depende do que você vai transportar, do volume da carga e do número de passageiros. Ele não depende apenas daquilo que você gasta para fazer”, disse o tucano.

A extensão a Campinas e Guarulhos foi encaminhada aos técnicos do BNDES por recomendação de Serra. Além do Estado, o governo federal, prefeituras e o governo do Rio vão investir na obra.

(C.M.)