Secretaria garante erradicar a brucelose no prazo de dois anos

Gazeta Mercantil - 13/2/2003

qui, 13/02/2003 - 9h57 | Do Portal do Governo

Soraia Haddad, de São Paulo


A brucelose, doença que causa aborto entre o sétimo e o oitavo mês de gestação do rebanho de fêmeas, deve ser erradicada em dois anos. A afirmação é do secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Duarte Nogueira. ‘Em dois anos São Paulo terá zona livre de brucelose’. A secretaria realiza campanha de vacinação contra a doença desde 2001, mas o programa oficial iniciou-se há seis meses. Nesta primeira fase, o secretário classificou como satisfatório o resultado da ação para vacinar os animais do rebanho de fêmeas das espécies bovinas e bubalinas no estado. A idade das fêmeas é entre três e oito meses.

Segundo dados dos técnicos da Agência de Defesa Agropecuária (Adaesp), ligada à secretaria estadual da Agricultura e Abastecimento, foram vacinadas 298 mil fêmeas de um universo de 987 mil bezerras em todo o estado de São Paulo no período de julho a dezembro de 2002. O número mostra que a vacinação atingiu 30% dos animais.

Hoje são mais de 14 milhões de cabeças, entre machos e fêmeas, em todo o estado. O número de fêmeas que nascem por ano em São Paulo supera um milhão, diz Nogueira. O objetivo, segundo ele, é conseguir vacinar 50% dos animais até o final de junho de 2003 e atingir 70% até o fim do ano.

Dados do Instituto Biológico, órgão da secretaria estadual da Agricultura, mostram que foram realizados exames sorológicos em 10 mil animais e 2% apresentaram brucelose. Esta é a única forma de amostragem de contaminação da brucelose no estado.

A brucelose também provoca infecção uterina, artrites e inflamação na genitália e retenção da placenta. ‘Ela está relacionada a uma série de disfunções fisiológicas’, comenta o secretário. Nogueira diz que às vezes ‘por desconhecimento da doença perde-se muito animal’. A dimensão do prejuízo que a doença causa para o estado ainda não foi possível de ser mensurada. A brucelose também acarreta prejuízos financeiros aos criadores e provoca danos ao homem, por ser uma zoonose, causando esterilidade, orquites (inflamação dos testículos) e artrites.

A campanha contra a brucelose tem uma função educativa. Os técnicos da Adaesp fazem visitas aos criadores mostrando a importância da vacinação dos animais. São ministradas palestras aos pecuaristas e outros integrantes da cadeia produtiva do estado de São Paulo. Ao todo são 1,4 mil técnicos da Adaesp realizando o trabalho de conscientização.

A agência conta com a parceria dos laboratórios fabricantes de vacina. Uma ampola da vacina contra brucelose custa R$ 7,50. Os criadores podem vacinar o rebanho em qualquer época do ano, diferentemente da vacinação contra febre aftosa que é realizada duas vezes ao ano. Para vacinar seu rebanho contra a brucelose, o pecuarista precisa procurar um dos 40 Escritórios de Defesa Agropecuária (EDA) espalhados pelo estado.

Até o momento, a secretaria da Agricultura está apenas realizando um trabalho de conscientização dos criadores. Só a partir de outubro é que serão aplicadas multas, para quem não cumprir a lei, no valor de cinco Ufesps (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) por cabeça. Cada Ufesp vale em fevereiro R$ 11,49.