Secretária de SP comemora, mas admite que não há “mar de rosas”

Folha de S.Paulo - Quinta-feira, 12 de junho de 2008

qui, 12/06/2008 - 11h04 | Do Portal do Governo

A secretária estadual da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, comemorou os resultados obtidos pelo Estado no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Ela, no entanto, admitiu que a educação pública de São Paulo ainda “não é um mar de rosas”. O Ideb analisa as redes estadual e municipais.

“A melhora foi em São Paulo e no Brasil inteiro. Isso tem de ser comemorado”, disse ela, que já foi secretária-executiva do Ministério da Educação.

No caminho contrário, a Udemo (entidade que reúne diretores de escolas estaduais de São Paulo) diz que não há motivos suficientes para comemoração. “Ainda estamos no fundo do poço. É muito cedo para acharmos que houve uma melhora significativa”, diz Volmer Áureo Pianca, um dos diretores da entidade.

Ele critica o baixo salário dos professores e dos diretores, a falta de infra-estrutura das escolas e a burocracia da rede. “As escolas não estão bem”, diz.

Questionada sobre essas críticas, a secretária estadual respondeu: “Nenhum lugar é um mar de rosas”, afirmou a secretária estadual. A Secretaria Municipal da Educação foi procurada pela Folha, mas não quis se manifestar pelo fato de o Ideb ainda não ter dados específicos da rede pública paulistana.

Aprovação

Pianca também critica a aprovação automática (ou progressão continuada), que é adotada na rede estadual e na municipal paulistana até a oitava série. “Você tem aluno no ensino médio que não sabe fração e que não entende a palavra multiplicação”, diz ele. A professora Maria Márcia Malavasi, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), lembra que a implantação da progressão continuada trouxe críticas de professores, de pais e de parte dos alunos. “Temos crianças que dizem que passaram de ano sem aprender nada”, afirma. Ela, porém, afirma que a aprovação é importante para evitar a evasão escolar. “A progressão continuada não é ruim. Ruim é a forma como ela foi implantada. Ela foi imposta.” A aprovação dos estudantes é um dos fatores considerados pelo Ministério da Educação na composição da nota do Ideb. Na quarta e na oitava série do ensino fundamental, São Paulo aparece em primeiro lugar no critério taxa de aprovação.