Sayad anuncia pacote de popularização da cultura em SP

Valor Econômico - Quarta-feira, 18 de abril de 2007

qua, 18/04/2007 - 12h17 | Do Portal do Governo

Valor Econômico

O secretário estadual da Cultura de São Paulo, João Sayad, pretende imprimir uma espécie de programa de “renda mínima” da cultura nos quatro anos de sua gestão. O mais importante é o Projeto Fábrica de Cultura, que prevê a construção de nove centros culturais, que ministrarão oficinas culturais em nove distritos da capital com elevado Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ): Capão Redondo, Vila Brasilândia, Cidade Tiradentes, Vila Nova Cachoeirinha, Jaçanã, Itaim Paulista, Vila Curuçá, Sapopemba e Jardim São Luiz. Para a implementação dos novos projetos, a Secretaria terá recursos adicionais de R$ 260 milhões provenientes do Estado, além de US$ 30 milhões (aproximadamente R$ 60 milhões) do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Dentro dessa linha de prioridades, a Secretaria pretende implementar ainda um programa para viabilizar o acesso de estudantes da rede estadual de ensino ao cinema. Será destinado R$ 1,5 bilhão para a aquisição de 500 mil ingressos por ano que serão distribuídos a alunos de baixa renda. “O cinema nacional enfrenta um mercado de gente incapaz de pagar pelo ingresso. Para uma família de baixa renda, a ida ao cinema é um investimento. O problema do cinema brasileiro é a pobreza do brasileiro”, afirma Sayad.

Outro programa que será dinamizado na pasta é o Guri, que abriga 60 mil crianças de classes menos favorecidas e oferece método de ensino especial de música. De acordo com Sayad, o projeto deverá ganhar um canal direto com outros braços de ensino musical do Estado, como Osesp, Centro de Estudos Musicais Tom Jobim e Conservatório Musical de Tatuí. A idéia é abrir um caminho para crianças talentosas, que iniciam suas atividades musicais no Projeto Guri, para que elas aperfeiçoem seus conhecimentos de forma sistêmica em escolas específicas. “Esses programas têm impactos sociais importantes. Estamos fazendo um grande esforço para realizá-los”, diz Sayad.

Responsável por 74% do orçamento anual da Secretaria de Cultura, de R$ 230 milhões (o mesmo valor do ano passado), a área de música continuará sendo a responsável pelos maiores gastos da pasta – e pelos maiores rumores de troca em suas figuras-chave, como John Neschling, diretor-artístico e regente titular da orquestra. Sayad diz que a saída do maestro, fato que tem sido divulgado pela imprensa, não é uma decisão da Secretaria. “Não temos ingerência sobre a escolha ou permanência do seu diretor-artístico e regente titular. Quem decide isso é o conselho da Osesp”, afirma.

À Secretaria da Cultura, cabe definir as metas. Nesse aspecto, o secretário diz que a Osesp deveria mudar sua orientação de forma sutil, caminhando mais na direção de programas de formação musical. “Os valores da área dão uma falsa idéia de que é muito dinheiro, mas a música é mais cara mesmo. O projeto Guri terá incremento de R$ 1 milhão ao ano”, prevê.

O modelo de gestão de Sayad, para melhorar a otimização de recursos, são as parcerias. Para que o Projeto Fábrica de Cultura seja deslanchado no curto prazo, por exemplo, a Secretaria vai operar em conjunto com a Prefeitura de São Paulo, utilizando as instalações dos CEUs. “Vamos começar com a instalação de dois desses centros em dois CEUs. Depois, vamos ampliar para outras unidades. Existem 21 CEUs já prontos e 21 em construção. Todos construídos em regiões com IVJ altos”, afirma Sayad. “Não vamos gastar nosso escasso talento gerencial administrando obras, enquanto há escolas prontas para abrigar programas como esses”.

Outra marca da gestão de Sayad será o incremento de corredores culturais na capital. O MAC (Museu de Arte Contemporânea), que pertence à USP, será transferido para o prédio de 10 mil metros quadrados do Detran, compondo uma área cultural com outros equipamentos da região do Parque Ibirapuera, como o MAM (Museu de Arte Contemporânea), a Oca, o Museu Afro Brasileiro e o Auditório do Ibirapuera. O valor da reforma do prédio do Detran é de R$ 30 milhões. Na região da Luz, a Secretaria pretende ampliar a Pinacoteca do Estado – que fica próximo da Sala São Paulo e do Museu da Língua Portuguesa – para o prédio da Escola Estadual Presidente Prudente, no Parque da Luz.

“É uma proposta-tentativa, pois ainda não sabemos se poderemos transferir a escola para um prédio próximo do parque. O diagnóstico na área de museus é que falta espaço para a exposição de acervos, que ficam na reserva técnica”, explica o secretário.

Há a possibilidade de a região da Luz ser espaço para a construção de um teatro de dança. Outra alternativa é o antigo Cine Marrocos, no centro da cidade. “Nós preferimos o Parque da Luz”, diz Sayad. A construção do teatro é a criação de uma companhia de repertório, nos moldes da Osesp. “Será uma companhia de excelência de dança clássica, popular e contemporânea, mas também de formação de profissionais.”

Na Zona Leste de São Paulo, a Secretaria do Estado vai construir o Museu da História de São Paulo, no prédio que abrigou uma fábrica na fase industrial da capital. A poucos quarteirões dali, será criado o Centro Educacional Catavento, no Palácio das Indústrias, antiga sede da Prefeitura de São Paulo, que será absorvido pelo Estado. “Será um museu científico para o Estado.”