Saúde da mulher em perigo

O Estado de S. Paulo

qui, 25/06/2009 - 7h54 | Do Portal do Governo

A cocaína avançou pelo universo feminino, assim como havia ocorrido com o álcool. Não só. A busca por compensação imediata e preço mais baixo da droga está levando 90% das mulheres viciadas ao consumo de? crack! A observação é da equipe do Programa de Atenção à Mulher Dependente Química do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Outra constatação é que a maioria das consumidoras tem entre 30 e 45 anos – e grau superior completo.

Segundo dados do HC, razões para mulheres usarem psicotrópicos podem ser morte do cônjuge, separação, depressão ou pressões profissionais – um reflexo negativo da independência feminina. Genétic influencia 60%. “Sem contar que mulheres têm o dobro das complicações clínicas dos homens, principalmente enfarte”, informa a dra. Silvia Brasilino, coordenadoras do Promud do HC. “Isso ocorre porque mulheres têm mais gordura corpórea proporcionalmente à água, o que gera alcoolemia maior e níveis menores das enzima que metabolizam e fazem com que absorvam 30% mais do ingerido.”

Levantamento feito pela Secretaria do Estado da Saúde a pedido do Estado mostra que, entre 2006 e 2008, quase dobrou (de 365 para 696) o número de mulheres internadas em hospitais por dependência de pó. É também mais alta a quantidade de mulheres registradas com O.D. em hospitais.

O Promud constata que, para chegar – e permanecer no tratamento – a mulher enfrenta como barreiras: “Ajuda legal e desemprego, dependência financeira, o estigma social e oposição do parceiro ao tratamento”, diz Silvia. O programa do HC registra 70% de êxito a cada 100 mulheres tratadas, seis meses após o início do tratamento. Oferece terapia e acompanhamento, free. Há cerca de 30 mulheres na fila.