Satélite dá suporte a ocupação de favela

O Estado de São Paulo - Domingo, dia 30 de julho de 2006

dom, 30/07/2006 - 11h40 | Do Portal do Governo

Operação em morro de Diadema revela os novos recursos da polícia

Juliano Machado

Um helicóptero, 117 carros e 456 homens. O megaesquema policial usado no dia 11 para ocupar a favela do Morro do Samba, em Diadema, começou a ser montado numa sala com 14 computadores do Comando Geral da Polícia Militar. De lá, onde funciona o Setor de Geoprocessamento e Informações Espaciais (Geoinfo), foram elaborados mapas com imagens de satélite da região que era reduto do traficante Edilson Borges Nogueira, o Biroska, um dos líderes do PCC. Foi possível estudar a topografia, os pontos de entrada da favela e as possíveis rotas de fuga. “Sufocamos o tráfico. Hoje o Biroska não manda em mais nada por lá”, comemora o coronel Joviano Conceição Lima, comandante do Policiamento de Choque (CPChoq).

A geoinformação tornou-se elemento indispensável nas Operações Saturação por Tropas Especiais, como a de Diadema. Já foi usada sete vezes desde julho de 2005. A primeira foi feita em Paraisópolis, zona sul da capital. Mas o uso pela PM de mapas associados a camadas de informações – os layers – vem de bem antes, com a idéia de se criar um sistema em que os comandantes de cada batalhão pudessem ver, em tempo real, a exata localização de uma ocorrência. Daí surgiu, em 2001, o Copom Online, que hoje atende a cerca de 50% da população do Estado. O Geoinfo, que ganhou sua estrutura atual três anos depois, já atendeu a cerca de 2.500 solicitações.

“Para o Programa Rocam (patrulhamento com motos), trabalhamos três dias quase ininterruptos para levantar os principais pontos de furtos na cidade”, disse o tenente Marcelo Belickas, chefe do setor.

A necessidade de ter uma visão de conjunto nas operações, geralmente complexas, levou o CPChoq a começar a instalar uma sala própria de geoprocessamento, a um custo de cerca de R$ 100 mil. Serão 12 computadores com monitores de 19 polegadas para esquadrinhar qualquer ponto da Grande São Paulo e da Baixada Santista.

Para o coronel Joviano, um aficionado por geoinformação desde o início dos anos 1990, a adoção dessa estrutura era fundamental. “Não dá mais para pensar no planejamento de uma operação sem um mapa preciso na cabeça.”