Saresp investe no futuro

Diário de S. Paulo - Quarta-feira, 23 de junho de 2004

qua, 23/06/2004 - 9h36 | Do Portal do Governo

Gabriel Chalita

‘Uma pesquisa participante (…) nos dará uma espécie de repertório dos anseios, dos sonhos, dos desejos da população da área em que a pesquisa se fará’. A frase do educador Paulo Freire dá a medida exata da importância da realização de avaliações, levantamento de dados e coletas de informaçõe específicas. Quando direcionadas ao setor educacional, por exemplo, as pesquisas contribuem para traçar diagnósticos essenciais que possibilitam novas tomadas de decisões e a elaboração de estratégias e mecanismos de ação mais precisos. Nesse sentido, é com uma ponta de orgulho e uma enorme responsabilidade que apresentamos à sociedade os resultados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, o Saresp-2003.

Orgulho, porque se trata da maior avaliação educacional externa já realizada no país. Uma avaliação capaz de revelar um norte. Um caminho seguro que irá determinar um futuro mais digno para crianças e jovens. Criado em 1996, o Saresp, em suas edições anteriores, avaliara estudantes de séries específicas dos Ensinos Fundamental e Médio as quais se alternaram ano a ano. Já na prova aplicada no fim de 2003, cujos resultados são conhecidos agora, todas séries das 5.407 escolas da rede estadual foram avaliadas. A participação foi recorde: 4.274.917 alunos, o que corresponde a 90% do total de estudantes. Com o Saresp-2003, o Governo Geraldo Alckmin cumpre o compromisso de acompanhar e avaliar o processo ensino-aprendizagem de todas as crianças e jovens do ensino Fundamental e Médio.

O momento inspira responsabilidade, porque não se faz um diagnóstico dessa magnitude senão com o objetivo de aperfeiçoar nossas escolas. Nosso compromisso é o de construir uma escola democrática e de qualidade, de formar cidadãos que se incluam numa sociedade em transformação, de preparar as crianças e os jovens para um mundo globalizado, cujas demandas mudam em curtos períodos de tempo. Para cumprir esse desafio, o Saresp constitui um primeiro passo, um passo essencial, porém. Sem essa avaliação, é impossível diagnosticar a qualidade do ensino para implementar ações eficazes, que dêem conta de corrigir distorções. Com o sistema, é possível formular novas propostas pedagógicas e reforçar a formação continuada dos professores.

Uma das boas constatações foi o desempenho apresentado pelos alunos das duas primeiras séries do Ensino Fundamental. A avaliação revela que na 1ª série há 74,5% de alunos alfabetizados. Destes, 53% mostraram-se capazes de escrever um texto coerente. Entre os de 2ª série, o índice de alfabetização atinge 90%, e 75% têm texto coerente. Outro dado relevante no primeiro ciclo do Ensino Fundamental foi o desempenho apresentado pelos alunos de 3ª e 4ª séries. Em ambas, o índice de acerto nas provas chegou a 60%.

Em dezembro passado, alunos de 1ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio foram avaliados em língua portuguesa e redação. Fazendo comparação direta com outros índices de avaliação, como o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) e o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), os resultados revelam que alunos da rede estadual apresentaram desempenho acima da média.

Outra boa notícia é que os programas e projetos educacionais da rede colaboram na redução da evasão escolar, que caiu de 10% para 3%.

A capacidade de aperfeiçoar a escola a partir do Saresp depende não apenas do Governo e dos profissionais da educação, mas de um trabalho conjunto envolvendo a comunidade. Essa união de esforços pode ser observada no Programa Escola da Família, que abre as portas de mais de 5 mil escolas estaduais nos fins de semana nos 645 municípios paulistas para a prática de lazer, esporte, cultura, e qualificação profissional. Observamos que as escolas com menor incidência de indisciplina e com alunos de melhor desempenho são justamente aquelas em que a comunidade participa mais do Programa. Nesse contexto, os indicadores do Saresp são um convite a uma participação cada vez maior, a fim de que nossa rede de escolas continue apresentando avanços significativos.

Que essa pesquisa simbolize uma lição, uma espécie de mapa em que poderemos, juntos, vislumbrar as indicações para uma trajetória mais condizente com os sonhos, desejos e ideais das gerações que irão nos suceder. Meninos e meninas que se tornarão grandes homens e mulheres. Novos personagens que, no que depender de nós, protagonizarão apenas histórias de sucesso.

Gabriel Chalita é secretário de estado da Educação