São Paulo pode ter boa colheita de milho

O Estado de S. Paulo - Suplemento Agrícola - Quarta-feira, 19 de maio de 2004

qua, 19/05/2004 - 9h47 | Do Portal do Governo

Clima tem ajudado no desenvolvimento do cereal cultivado para a safrinha

José Maria Tomazela

A queda na produção do milho safrinha em São Paulo pode ser menor do que os 9,1% previstos inicialmente pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. Dados preliminares do levantamento das culturas feito em abril, e que ainda estão sendo tabulados, indicam que a ocorrência de chuvas nas principais regiões do Estado e a ausência de períodos longos de baixas temperaturas ajudaram o desenvolvimento das culturas.

Produção boa – ‘Não vamos ter a produtividade excepcional registrada na safra passada, mas a produção deve ser maior do que em anos anteriores’, avaliou o pesquisador do IEA, Alfredo Tsuneshiro.

Na safra 2002/2003, a produção paulista da segunda safra de milho foi de 1.179.800 toneladas, ante 707.200 toneladas do ano anterior, ‘um ano muito ruim’.

Na primeira safra, também conhecida como de verão, São Paulo produziu 3.451.100 toneladas no ano passado, ante 3.345.400 obtidas em 2001/2002. No Brasil, a produção prevista para a safrinha é de 9,7 milhões de toneladas.

Na safra passada, a colheita foi de 12 milhões de toneladas.

Crescimento – Segundo o pesquisador do IEA, o Estado de São Paulo vem se firmando como grande produtor de milho safrinha.

‘Além da região de Assis, que tradicionalmente cultiva a segunda safra, outras regiões estão ampliando as áreas.’ Ele citou como exemplos as regiões de Presidente Prudente e Araçatuba, no oeste paulista, que tradicionalmente são pecuaristas também.

São áreas de clima mais quente, pouco sujeitas a geadas e com boa densidade de chuvas. Para desenvolver-se no período mais próximo do inverno, o milho precisa de dias ensolarados e não muito frios, pois as temperaturas baixas retardam o desenvolvimento dessa gramínea. O cultivo da safrinha está acompanhando a entrada da soja nessas regiões.

‘O milho entra na sucessão dessa cultura’, explica o pesquisador. Ele lembra que o Estado de São Paulo ainda não é auto-suficiente na produção desse grão, utilizado principalmente na composição de rações de aves e suínos. No ano passado, a produção nas duas safras atingiu 4,6 milhões de toneladas e o consumo ficou próximo de 7 milhões de toneladas.

Alteração de sistema – Tsuneshiro explica que as previsões podem ser reformuladas até o início da colheita, já que a maior parte das lavouras está em fase de desenvolvimento. Ele conta que o sistema utilizado para levantar a situação das lavouras está sendo alterado para dar mais agilidade às informações. ‘Em vez de processarmos as informações de cada município, vamos fazer isso por região, com ganho de tempo.’

Na região de Assis, a colheita dos plantios mais precoces do milho safrinha deve ocorrer em meados de junho. As lavouras espalham-se ao longo da rodovia Raposo Tavares. Na região sudoeste do Estado, a área com essa cultura cresceu pelo menos 10%. A ampliação não foi maior porque esse grão sofre a concorrência das culturas de inverno, como o trigo e o triticale, que apresentam preços satisfatórios.