São Paulo muda seu perfil econômico

O Estado de S. Paulo - Segunda-feira, 17 de novembro de 2003

seg, 17/11/2003 - 10h16 | Do Portal do Governo

Serviços se concentram na região metropolitana da capital e indústrias vão para o interior

ELIZABETH LOPES

Principal pólo de desenvolvimento econômico do Brasil, o Estado de São Paulo se prepara para continuar desempenhando este papel no século21, mas com um novo perfil. Uma das tendências que já se verificam no Estado, nesse contexto, é a concentração das atividades do setor de serviços na região metropolitana de São Paulo e a transferência das atividades industriais para o interior.

Estudo da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, ligada à Secretaria Estadual de Economia e Planejamento, confirma a tendência ao mostrar que dos US$ 4,1 bilhões de investimentos industriais anunciados para o Estado no primeiro semestre, 75% destinavam-se a cidades do interior. Na área de serviços, na qual os investimentos anunciados no mesmo período ficaram em US$ 3,1 bilhões, cerca de 60% destinavam-se à região metropolitana de São Paulo.

A expansão das atividades de serviços, sobretudo na região metropolitana, é estratégica para o desenvolvimento futuro da economia do Estado. A diretriz consta do Plano Plurianual (PPA) para o período de 2004/2007, elaborado pelo governo do Estado de São Paulo e em tramitação na Assembléia Legislativa, com aprovação prevista até o fim do ano. “Um de nossos maiores desafios é a recuperação do crescimento sustentado”, garante o secretário estadual de Economia e Planejamento, Andrea Calabi.

Dados da Secretaria Estadual da Fazenda indicam que no período de 1996 a 2002, o volume de investimentos feitos na economia paulista foi de US$ 152 bilhões, com a criação de mais de 7 mil novos empreendimentos. Só no ano de 2002, os investimentos no setor industrial de alta tecnologia somaram mais de US$ 1,9 bilhão. Além disso, segundo dados do Banco Central, a maior parte dos recursos aplicados pelos cinco principais países investidores no Brasil tem o Estado como destino. Segundo o BC, São Paulo ficou com 73,4% do total investido pelos EUA no País, 76,4% da Espanha, 58,9% da Holanda, 61,9% da França e 86,2% da Alemanha.

Do ponto de vista de ganhos de participação relativa no PIB paulista, o setor de serviços é um dos mais dinâmicos, pois aumentou o porcentual de 42%, em1985, para 53%, em2000. Os destaques são comércio, telecomunicações e sistema financeiro. Dez dos maiores bancos que atuam no País estão concentrados em São Paulo e oito das dez maiores companhias de seguro também.

A expansão das indústrias para o interior se concentra num raio de 150 km a partir do centro da região metropolitana de São Paulo. De acordo com o PPA, a concentração abrange as regiões de Campinas, São José dos Campos, Santos e Sorocaba. ‘Estas, em conjunto com a região metropolitana, representam 82% do total das unidades industriais, 85% do pessoal ocupado e 90% do valor adicionado da indústria paulista’, diz o estudo.

Para o governo paulista, o Estado tem uma vocação natural para ser a porta da entrada das tecnologias mais avançadas, pólo de disseminação de mão-de-obra especializada e de viabilização de novos investimentos. Por isso, o PPA é um instrumento que visa a incentivar as novas formas de interação entre os setores público e privado, com detalhamento das alternativas de atração dos investimentos na economia paulista e promoção do desenvolvimento social.

O PPA cita 1.300 ações nas áreas de desenvolvimento social, gestão pública, desenvolvimento regional, infra-estrutura e desenvolvimento econômico e mais de 200 programas. Os recursos previstos para investimentos são da ordem de R$ 30 bilhões. Deste total, o governo pretende ter uma contrapartida de cerca de R$ 15 bilhões da iniciativa privada, por meio do projeto das Parcerias Público-Privadas (PPP).

“E é preciso deixar claro que não é uma questão de turbinar apenas o desenvolvimento do Estado, mas encontrar mecanismos de potencializar também o crescimento social. A qualidade social de vida da população deve ser o foco principal de todo e qualquer desenvolvimento”, garante o secretário.

O crescimento econômico sustentado, aliado ao desenvolvimento social também é uma das bandeiras defendidas pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Estudo da entidade, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, destaca que o crescimento econômico é uma condição necessária para a redução da pobreza no País: “Um aumento de 1% na renda média se reflete numa redução de aproximadamente 0,9% no número de pessoas abaixo da linha de pobreza.”