São Paulo lança serviço de ajuda a devedores e credores

Jornal Nacional - Terça-feira, 19 de novembro

qua, 19/11/2008 - 15h41 | Do Portal do Governo

Jornal Nacional

Exatamente a burocracia foi o principal alvo de um serviço que começou a funcionar nesta terça em São Paulo. Pessoas endividadas que, por isso mesmo, não conseguem emprego, ganharam um aliado.

Um ano e meio de desemprego e as dívidas se acumulam. “Estou devendo para o banco e para duas lojas, chega a uns R$ 3 mil mais ou menos”, revela Andrea da Gama.

Em São Paulo, metade dos inadimplentes aponta a falta de trabalho como principal causa das contas em atraso.

Os serviços de consulta e proteção ao crédito foram criados para proteger as empresas dos maus pagadores. Só que, muitas vezes, eles têm sido usados com outra finalidade: identificar entre os candidatos a um emprego aqueles que não conseguem pagar as dívidas.

“Tinha todos os requisitos, tinha boa indicação e não consegui a vaga porque meu nome estava sujo”, conta a desempregada Alessandra dos Santos.

O gerente de recursos humanos Rogério Reberte condena o critério, mas confirma que ele é usado no mercado.

“Quando há, é uma discriminação velada. Imagino que você vai colocar um profissional para trabalhar com a tua equipe e eles têm medo do profissional ser uma ameaça”.

A discussão muitas vezes vai parar na Justiça. Para o desembargador Walter Guilherme, não há lei que proíba uma empresa de usar o histórico de crédito para vetar candidatos a uma vaga.

“Não vejo como impedir uma empresa de não contratar alguém que, a seu ver, não está em dia com suas dívidas. Não vejo ilegalidade nesta não contratação”.

“Acho que muitas vezes é uma cautela excessiva. Acho que desde que a causa da inadimplência tenha sido o desemprego, a única forma da pessoa poder limpar o nome é ter um novo emprego”, opinou Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo.

Para quebrar o círculo vicioso, sem dinheiro e sem emprego, foi inaugurado nesta terça em São Paulo um serviço que ajuda devedores e credores a chegarem a um acordo.

Jacques Gonzaga quer parcelar uma dívida de R$ 480 para voltar a trabalhar. “Vai manter meu nome limpo no SPC e no Serasa e para eu, que estou procurando emprego, é bem interessante”.