São Paulo investe mais que o Brasil

Jornal da Tarde - Terça-feira, 18 de novembro de 2008

ter, 18/11/2008 - 9h53 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Desconfortável nunca foi a herança financeira recebida de seus antecessores pelo governador José Serra, mercê do realismo de seu correligionário Mário Covas, seguido por Geraldo Alckmin, também do PSDB, e, depois, por Cláudio Lembo, do DEM. Mas a deitar nesse colchão o chefe do Executivo estadual preferiu adotar a receita que deu certo antes em sua gestão de dois anos na Prefeitura da capital: combinar uma política fiscal agressiva, com mais receitas e investimentos, com um rígido controle de despesas. Em 2004, após derrotar Marta Suplicy, do PT, na eleição municipal paulistana, ele aumentou a arrecadação dando mais eficácia à máquina arrecadadora sem criar novas taxas, desastrada estratégia de gestão da petista, que a conduziu a duas derrotas nas urnas e lhe valeu a alcunha de Martaxa.

Eleito governador, dois anos depois, o tucano otimizou o esquema que deu certo na Prefeitura e já rendia frutos positivos no Estado. Quando tomou posse no governo, em 2007, a média anual de investimentos, sem levar em conta o dinheiro das estatais, girava de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões. Em menos de dois anos obteve R$ 17,7 bilhões adicionais, elevando em 135% (de R$ 5,9 bilhões para R$ 13,9 bilhões) a média anual de investimentos do Estado no quadriênio de seu governo. Para conseguir esse desempenho, ele apertou os parafusos da máquina do Fisco, fazendo com que a receita tributária do Estado crescesse 13,5% em termos reais, e que os gastos correntes avançassem 7,2%, enquanto a despesa com salários e encargos sociais aumentou apenas 1,7%. Esse outro lado da estratégia – o arrocho salarial – tem produzido, como se sabe, grande (e grave) descontentamento no funcionalismo público estadual. Esse desconforto se tem manifestado em greves, sendo a mais preocupante delas a dos delegados, investigadores e peritos da Polícia Civil. Mas, mesmo tendo enfrentado um tumulto violento às portas do Palácio dos Bandeirantes, o que o fez autorizar uma relativa flexibilização na política salarial na negociação que gerou o pacote de medidas por ele encaminhado à Assembléia e por esta aprovado e que pôs fim à greve, não se afastou da posição de sempre deter a insatisfação do pessoal sem produzir rombos no orçamento que possam comprometer uma política de investimentos que lhe tem permitido deixar o governo federal para trás. No ano passado, enquanto o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), comandado por Dilma Rousseff, tida como favorita do presidente Lula na corrida presidencial de 2010, investiu R$ 8 bilhões, São Paulo investiu R$ 9 bilhões. Neste ano o desembolso estadual foi de R$ 12,7 bilhões até outubro, período no qual o programa prioritário da União se limitou a gastar R$ 8,2 bilhões.

Essa diferença explica-se pelo fato de que o Estado de São Paulo dispõe de um grau de capacidade gerencial que a União não atingiu. E isso faz prever que os investimentos no Estado gerarão mais resultados e em menos tempo.