São Paulo envelhece e jovens deixam de ser maioria no Estado

O Estado de S. Paulo São Paulo deixou de ser um Estado com maioria jovem. A novidade vem do mais recente levantamento de indicadores demográficos, realizado pela Fundação Sistema Estadual […]

sex, 08/06/2007 - 13h32 | Do Portal do Governo

O Estado de S. Paulo

São Paulo deixou de ser um Estado com maioria jovem. A novidade vem do mais recente levantamento de indicadores demográficos, realizado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A pesquisa mostra que, em 2006, o número de homens e mulheres com idade entre 0 a 29 anos era praticamente igual a soma do resto da população com mais de 30 anos. Em 1980, a faixa de paulistas com menos de 30 anos era quase o dobro.

A clássica pirâmide, tão ensinada nos colégios, com jovens na base e idosos no pico, não existe mais. “A representação gráfica está caminhando mais para um quadrado”, diz Bernadette Waldvogel, gerente de indicadores e estudos populacionais do Seade . “Esses dados revelam que o Estado vem sofrendo um processo contínuo de desaceleração do ritmo de crescimento populacional.”

Nos últimos 26 anos, a taxa de natalidade caiu pela metade. Antes, o índice calculado, por mil habitantes, era de 29 crianças nascidas. Hoje é de 15,50. As taxas de mortalidade subiram 18%. Era 6,96, na década de 80, e passou para 8,89, em 2006, em cada mil habitantes.

Além dos jovens terem menos filhos, os idosos estão vivendo mais. A idade média da população aumentou 62%. O número de homens e mulheres com mais de 70 anos dobrou – somam 981.567. Eram 304.780. Enquanto isso, o número de meninos e meninas, entre 0 e 14 anos, cresceu só 16,5%.

VIOLÊNCIA

“A diminuição do número de jovens explica, em parte, a queda dos índices de homicídios nos últimos anos”, diz Guaracy Mingardi, pequisador do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (Ilanudi). “Esse é um tipo de crime em que o autor, na maioria das vezes, é homem e jovem”, diz Mingardi.

Vale lembrar que os Estados Unidos atingiram o pico do índice de criminalidade 20 anos após o chamado “baby boom”, época em que a taxa de natalidade atingiu o maior patamar do país.

ELES MORREM MAIS

O estudo também aponta para um dado curioso. Como há 26 anos, hoje nascem mais homens do que mulheres. São 5 milhões de meninos e 4,98 milhões de meninas com até 14 anos. Na faixa etária seguinte, de 15 a 29 anos, a diferença entre os dois gêneros cai de 100 mil para 10 mil homens a mais do que mulheres. Já entre os paulistas de 30 a 44 anos, a quantidade de mulheres supera o de homens.

“O índice de homicídio de homens jovens com menos de 25 anos chega a ser até 6 vezes maior do que o de adultos com mais de 25”, diz Julita Lemgruber, diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, no Rio. “Além dos homicídios dolosos, há também a violência no trânsito.”

Mas Julita lembra que em todas as faixas etárias, os homens morrem mais do que as mulheres. “Elas costumam ser vítimas de crimes passionais”, diz Mingardi. As mulheres vivem mais. Chegam perto dos 68 anos; os homens, 62. Na população com mais de 75 anos, somam 604.399 o número de mulheres e 377.168 , o de homens.

A partir dos 60 anos, o índice de mortalidade aumenta significativamente, principalmente por causa das doenças que aparecem com a idade. Morrem 3, 7 mil idosos, em cada grupo de 100 mil, e apenas 135 paulistas, de 15 a 34 anos. Mesmo com alto índice de mortalidade, o País terá cada vez mais idosos. “De 1980 para cá, o índice de envelhecimento pulou dos 19% para os 40%”, diz Bernadette. O Estado terá de se preparar para o futuro. “Esta taxa deve continuar subindo nos próximos 25 anos.”