São Paulo e Oriente mais próximos

O Estado de S. Paulo - Artigo - Segunda-feira, 15 de novembro de 2004

seg, 15/11/2004 - 20h13 | Do Portal do Governo

Os presidentes da China, Vietnã e Coréia estarão no Palácio dos Bandeirantes

Geraldo Alckmin

Por uma feliz coincidência, São Paulo recebe nesta semana três chefes de Estado de nações asiáticas. Hoje, terei a satisfação de receber, no Palácio dos Bandeirantes, o presidente da República Popular da China, Hu Jintao, que lidera comitiva com mais de 400 pessoas, integrada por altos dirigentes chineses e empresários interessados em negócios e parcerias com São Paulo e o Brasil. Amanhã, recebemos o presidente da República Socialista do Vietnã, Tran Duc Luong, e comitiva composta de empresários e ministros.

Na quarta-feira, é a vez da delegação da República da Coréia, liderada por seu presidente, Roh Moo-hyun. É a primeira visita, revestida de grande significado para nós, destes dignitários estrangeiros ao Brasil e a São Paulo.

No final de maio deste ano, integrei a delegação oficial brasileira que visitou a China. Lá, inaugurei escritório da BM&F em Xangai, que funciona também como representação de São Paulo para fortalecer o comércio exterior. Proferi palestras, em Pequim e Xangai, sobre o desenvolvimento dos setores industrial e de serviços de São Paulo, a força de nosso agronegócio e sobre o potencial de investimentos no Estado. A acolhida dos chineses foi muito positiva.

Em agosto passado, fiz visita oficial ao Japão, onde o Governo do Estado assinou contratos de financiamento no valor de US$ 422 milhões junto ao JBIC (Japan Bank for International Cooperation). Em setembro, tive a satisfação de receber em São Paulo o primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi. O dinheiro proveniente do JBIC está sendo aplicado em obras prioritárias para a vida da população: transporte coletivo na Capital e saneamento básico na Baixada Santista.

A Linha 4 do Metrô, que vai transportar um milhão de passageiros diariamente, é vital para reduzir os congestionamentos provocados pelos 5,5 milhões de veículos que tentam circular em São Paulo. A nova linha começa na Luz e vai até a Vila Sônia, na zona oeste da Capital, interligando todo o sistema de transporte sobre trilhos da cidade. As obras de despoluição da Baixada Santista vão beneficiar diretamente 2,9 milhões de moradores e freqüentadores dos municípios de Bertioga, Cubatão, Guarujá, Santos, São Vicente, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe e Praia Grande. A meta do programa é, em cinco anos, coletar e tratar 95% do esgoto produzido na região, o que deixará de poluir praias, córregos, rios e canais. Somados, os projetos financiados com capital japonês geram 48 mil empregos diretos.

São Paulo tem objetivos claros nos encontros com nossos amigos asiáticos: negociar investimentos na infra-estrutura paulista, estabelecer parcerias no setor produtivo e aprofundar as relações comerciais entre as partes. Em São Paulo, o capital produtivo é recebido com tapete vermelho e muito carinho, pois entendemos que a participação do capital privado é fundamental para viabilizar os investimentos que o Poder Público não tem condição financeira de executar, ampliando e melhorando os serviços prestados à população.

Projetos não faltam, como a execução dos trechos sul do Rodoanel e do Ferroanel e a ampliação do Porto de São Sebastião, todos projetos com forte impacto na capacidade exportadora do Estado.

São Paulo oferece aos asiáticos boas parcerias, uma vez que se posiciona como uma das maiores e mais competitivas economias do mundo. O Estado tem um PIB de US$ 164 bilhões, 38 milhões de habitantes e responde por mais de um terço do que o Brasil exporta e importa. São Paulo é um dos maiores exportadores mundiais de carne, suco de laranja, açúcar e álcool, café e aço, sedia 96 mil indústrias, um milhão de pontos de venda e o maior centro financeiro da América Latina.

Exportação é algo muito sério em São Paulo. O Governo do Estado pagou, no ano de 2003, R$ 1,3 bilhão como restituição a empresas pelo ICMS pago sobre bens exportados. É o fast-track, ou seja, pagamento rápido para que o empresário siga capitalizado e competitivo. Também criamos o Poupatempo da Exportação, uma área com 30 mil metros quadrados ao lado da Imigrantes, no caminho para o Porto de Santos, com apoio completo a quem deseja exportar, mesmo que seja uma pequena empresa. Lá funciona o Centro de Logística e o call center. Também identificamos, em todo o Estado, 31 arranjos produtivos locais que recebem do Estado apoio estratégico para o desenvolvimento de seu potencial exportador. Os resultados são animadores. As exportações paulistas cresceram 35% este ano em relação a 2003, acima da média brasileira.

Há complementaridade entre as economias do Brasil e da Ásia, além de grandes afinidades entre nossos países. Deposito grandes esperanças nas parcerias entre Brasil, China, Vietnã e República da Coréia. O Brasil tem muito o que aprender com a experiência desses países, que alcançaram alto grau de dinamismo econômico. O desenvolvimento asiático é uma excelente oportunidade de incentivar o desenvolvimento brasileiro.

Estudos indicam que, ao longo dos próximos anos, a Ásia se tornará o continente com o qual o Brasil terá o maior volume de comércio. Mas os asiáticos não desejam apenas comprar nossos produtos. Temos sinais concretos de que eles desejam participar de nosso sistema produtivo como sócios e parceiros estratégicos, o que reforça a ligação entre nossos países. A distância que separa o Brasil da China, do Vietnã e da Coréia é hoje, mais do que nunca, apenas geográfica.

Geraldo Alckmin é governador de São Paulo