Saneamento no litoral

O Estado de S. Paulo - 26/6/2003

qui, 26/06/2003 - 10h29 | Do Portal do Governo

Editorial – O Estado de S. Paulo – 26 de junho de 2003


A Sabesp e o Banco Japonês de Cooperação Internacional (JBIC) investirão R$ 1,06 bilhão em obras de saneamento na Baixada Santista, a partir do segundo semestre. A intenção da estatal é expandir o sistema de coleta e tratamento de esgoto a 95% dos efluentes da região até 2008 e, com isso, colaborar com o desenvolvimento dos nove municípios da Baixada. Dados da Fundação Seade mostram que esse eixo do litoral paulista é o terceiro maior pólo de atração de investimentos de todo o Estado, perdendo apenas para as regiões de Campinas e São José dos Campos.

Na década de 90, a população da região aumentou 2,17% ao ano, mais do que a média nacional de aumento populacional no período, de 1,63%. Porém, 59% dos 2,4 milhões de habitantes vivem com renda inferior a três salários mínimos e a multiplicação de favelas é surpreendente. Essa ocupação clandestina é uma ameaça ao desenvolvimento econômico da região, centralizado no turismo.

Hoje, apenas 19% da Baixada Santista conta com rede de esgoto devidamente instalada, fato que contribui para a mais alta taxa de mortalidade infantil do Estado: 21 óbitos em cada mil nascimentos.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o diretor de sistemas regionais da Sabesp, José Everaldo Vanzo, afirmou que o investimento transformará o turismo da região, tornando sua exploração mais sustentável. Atualmente, a Cetesb registra condições inadequadas nas praias em mais da metade do ano em São Vicente, Praia Grande e Mongaguá. Dos rios da região, 80% apresentam níveis críticos de contaminação. Na temporada de verão, a situação torna-se insustentável com o aumento da população em pelo menos 1 milhão de pessoas.

A falta de infra-estrutura no setor de saneamento básico tem provocado a interrupção ou o adiamento de grandes empreendimentos e ameaçado as expectativas de quem já investiu na região. Entre 1996 e 2002, somente o setor de serviços injetou R$ 2,4 bilhões na Baixada Santista, sendo a maior parte originária de investimentos de agências de turismo.

A Sabesp precisa recuperar o tempo perdido. Ao concluir as obras de duplicação da Rodovia dos Imigrantes, o governo do Estado contribuiu, e muito, para o desenvolvimento daquela parcela do litoral paulista. Hoje, o interesse pelo turismo e por imóveis da região é surpreendente, graças à facilidade de acesso.

Cumprir o cronograma de obras, que prevê a construção, a partir deste ano, de sete estações de tratamento de esgoto de grande porte, além de 1,1 mil quilômetros de redes coletoras (hoje há apenas 808 quilômetros em toda a Baixada), proporcionando 125,5 mil ligações domiciliares, é fundamental. Até porque 60% dos recursos serão financiados pelo JBIC, que condicionou a liberação das verbas à conclusão das etapas previstas no planejamento do governo estadual, a exemplo do que ocorre no projeto de despoluição do Rio Tietê. A precisão na condução das obras permitirá que, em apenas seis anos, São Paulo tenha condições de oferecer turismo de melhor qualidade em seu litoral.