‘Salvamento’ vira espetáculo no metrô

Jornal da Tarde - Quinta-feira, 29 de julho de 2004

qui, 29/07/2004 - 11h03 | Do Portal do Governo

Moradores e passageiros pararam para assistir à simulação dos bombeiros na estação Carrão

MARICI CAPITELLI

Com uma máquina fotográfica, a professora de história, Cristina Ramos, 27 anos, registrou todos os lances do salvamento das vítimas e da movimentação dos bombeiros. Ficou impressionada. Assim como ela, moradores do Carrão, Zona Leste, foram à estação do metrô especialmente para assistir a uma simulação de salvamento. A operação também mobilizou os passageiros, já que muitos atrasaram a viagem para acompanhar aos trabalhos.

Foi um espetáculo para os passageiros. Mas os 80 envolvidos na operação, que durou 10 minutos, lutaram contra o tempo para cumprir metas e superar limites. Foi o 22º simulado de acidente nas estações da companhia.

A simulação foi de uma bomba caseira arremessada por um desconhecido dentro da caixa de máquinas da escada rolante. A explosão provocou um forte estrondo e o equipamento pegou fogo. Dois passageiros ficaram feridos, um deles em estado grave.

Em quatro minutos,15 bombeiros do 3ª Grupamento de Incêndio chegaram ao local, em cinco viaturas. Teve início o resgate da vítima em estado grave que foi envolvida em manta aluminizada para não perder calorias e removida de maca.

A simulação aconteceu na plataforma sentido Corinthians/Itaquera. Os trens não interromperam a circulação e o desembarque de passageiros também fez parte da operação. Pela estação Carrão circulam em média 80 mil pessoas por dia e em todo o sistema 2,5 milhões.

‘Nós procuramos simular situações que podem ocorrer, apesar de todas as nossas precauções’, explicou Conrado Grava de Souza, gerente de operações do Metrô. Segundo ele, um dos aspectos mais importantes da operação é a integração com os bombeiros. Todas as 52 estações do metrô têm um plano de atuação em conjunto com os bombeiros de sua região.

A professora Cristina, que mora no Carrão, foi ver a simulação com a irmã de 11 e a cunhada. As três pagaram a passagem para acessar as plataformas e assistir de perto. ‘Nós olhamos as faixas e viemos assistir, porque nunca tínhamos visto nada parecido. Acho o metrô seguro, mas não tomo o trem no horário de pico porque acredito que a possibilidade de acidente é maior’. A usuária Eunice Morcavel, 70 anos, também foi à estação só para ver o salvamento. ‘Amo o trabalho dos bombeiros e vim para vê-los atuando. Tenho sangue militar nas veias. Meu irmão foi bombeiro e morreu há dois anos, e meu pai foi PM’.

Lourdes Gonçalves, 67, e sua filha Simone, 38, chegaram à estação quando ia começar a simulação. Resolveram esperar, apesar de se atrasarem para as compras que iriam fazer no centro. ‘Valeu a pena porque deu para ver que todo mundo agiu muito rápido e está treinado’, afirmou Simone.

As vítimas do incêndio foram atores contratados. ‘Já fiz várias simulações e acho muito divertido’, contou o ator Samuel Costa, 22 anos, usuário diário dos trens.

Estão previstas mais duas simulações neste ano.