Saiba mais : uma técnica chamada ukiyo-e

O Estado de S.Paulo - Sábado, 3 de maio de 2008

sáb, 03/05/2008 - 13h20 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

EVOLUÇÃO: É difícil compreender o fenômeno do Ukiyo-e sem aludir ao contexto em que nasceu essa técnica de arte, desenvolvida durante o período Edo. Os comerciantes que compravam esse tipo de gravura, produzida para alimentar o mercado editorial, ávido por novelas satíricas, eram burgueses capazes de arcar com a compra de uma obra de arte, mas não suficientemente ricos para encomendar uma boa pintura a um renomado artista, como faziam os nobres. O século 17 viu florescer o mercado de gravuras e o livro impresso virou, então, objeto artístico cobiçado por burgueses letrados. Ao mesmo tempo, o advento de uma literatura ligada a descobertas científicas exigia artistas especializados em plantas e ervas para ilustrar livros de botânica.

Foi mais ou menos por volta de 1670 que um artista, Hishikawa Moronobu (1630-1694), começou a chamar a atenção de editores por suas extraordinárias xilogravuras em preto-e-branco, obras que retratavam o cotidiano japonês com a mesma simplicidade com que o cineasta Ozu, séculos mais tarde, filmaria as famílias japonesas em suas casas. Foi só por volta do século 18 que essas gravuras ganharam cores, provavelmente por influência de técnicas chinesas, aperfeiçoadas no Japão por artistas como Suzuki Harunobu.

Ao contrário de Harunobu, de uma inocência quase pagã, outros artistas que trabalharam nessa direção usaram as cores para acentuar a luxúria dos ambientes que freqüentavam, como Utamaro, que carregou nas tintas eróticas ao retratar libidinosos casais em bordéis, isso em pleno século 18. O Ukiyo-e descobre, então, sua vocação para o grotesco com as caricaturas de Sharaku, que retratou atores do teatro Kabuki com tal liberdade que não tardou a ser dispensado pelos editores de suas gravuras por pressão de seus caricaturados.

Hoje e no próximo sábado, às 15 horas, um especialista japonês vai apresentar (com tradução) a técnica do Ukiyo-e no auditório da Pinacoteca. As 144 senhas serão distribuídas uma hora antes, no balcão da recepção.