Safra paulista será a maior dos últimos 10 anos

Gazeta Mercantil - 27/8/2003

qua, 27/08/2003 - 10h43 | Do Portal do Governo

Por Regina Neves


Gazeta Mercantil – São Paulo, 27 de agosto de 2003

Milho-safrinha e cana tiveram aumento expressivo da área plantada. Café e laranja cederam espaço a grãos

O Estado de São Paulo prepara-se para colher a maior safra de grãos dos últimos dez anos, segundo levantamento do IEA (Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo), órgão da Secretaria da Agricultura.

A produção paulista de grãos deverá atingir 7 milhões de toneladas, 8,9% a mais sobre o volume colhido na safra 2001/02, que foi de 6,435 milhões de toneladas. Os destaques são o milho-safrinha e o trigo, que registraram expressivos aumento de de produtividade, da ordem de 46,7% e 30,7%, respectivamente.

Na agricultura em geral, a cana-de-açúcar foi outra boa surpresa. A produção foi estimada em 223,28 milhões de toneladas, o que representará um acréscimo de 5% sobre o volume da temporada passada. A cana para indústria registrou um crescimento de produtividade de 2,4%, de acordo com o IEA, em comparação ao rendimento obtido no ano passado.

A cana é hoje o principal produto agrícola do Estado de São Paulo. Respondeu em 2002 por 28,26% do valor da produção agropecuária paulista, de R$ 20,9 bilhões. No ano passado, as exportações paulistas de cana e álcool atingiram US$ 1,57 bilhão, o que significou participação de 68,7% dos embarques brasileiros. A produção paulista representou também 68% de toda a cana moída no Brasil; 75% do açúcar; e 61% da produção de álcool do País.

O crescimento dos grãos e da cana-de-açúcar ocorreu em cima de áreas de pastagens e juntos devem registrar um crescimento em área de 271,4 mil hectares (ou 5,2%) nesta safra 2002/03 em relação à temporada anterior. Somada às áreas de cana e grãos chega-se a um total de 5,45 milhões de hectares plantados, enquanto na safra 2001/02 esses mesmos produtos ocupavam 5,18 milhões de hectares. Sozinha, a área da cana-de-açúcar deve somar 3,3 milhões de hectares no Estado, um aumento de 5,9% sobre a safra passada. Já a área de grãos deve registrar um acréscimo de 4,2%, passando para 2,151 milhões de hectares.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Duarte Nogueira, este quadro representa uma série de vantagens que vão da geração de um maior volume de trabalho nas regiões agrícolas, sobretudo nas áreas de cana-de-açúcar, cultura que necessita de uma grande quantidade de mão-de-obra até o aumento do valor agregado de terras degradadas, usadas como pasto.

O milho-safrinha é um dos destaques da previsão de safra. A produção total de milho no Estado (safra de verão mais safrinha) deve alcançar 4,499 milhões de toneladas, com elevação de 10,27%. ‘Somente a safrinha de milho deve crescer 48,10%, para 1,047 milhão, o que beneficiará não só os produtores, mas também a cadeia de aves e suínos, principais consumidores’, afirmou o secretário. ‘Com o aumento de oferta do grão no Estado, as granjas paulistas, que devem consumir quase 6,5 milhões de toneladas de milho este ano, irão diminuir sua dependência do grão colhido em outros estados’.

O aumento de produtividade do trigo, somado ao crescimento de 39,5% na área plantada com o grão, deverá garantir uma safra paulista de 110,79 mil toneladas, o que significará um acréscimo de 82,1% sobre o volume colhido na safra anterior.

A safra de soja deve atingir 1,664 milhão de toneladas, um acréscimo de 5,47% em relação ao volume colhido no ano passado, de 1,577 milhão de toneladas. A área a ser plantada com o grão é estimada em 627,3 mil hectares, 8,72% acima do ano passado.

Já a safra paulista de laranja deverá ter uma queda estimada de 7,9% em relação ao período anterior, atingindo 333,1 milhão de caixas de 40,8 quilos. Segundo Nogueira, o principal motivo para a queda na produção foi a seca registrada nas principais regiões produtoras ao longo do segundo semestre do ano passado, além das altas temperaturas ocorridas no final do ano, que acabaram prejudicando a florada. A área cultivada da laranja registrou ligeira retração de 0,3%, para 658,98 mil hectares, em relação aos 661,29 mil hectares do ano passado.

Maior do mundo

Principal produtor e exportador mundial de suco de laranja, o Estado de São Paulo possui o maior parque citrícola do mundo, espalhado em mais da metade dos 645 municípios paulistas. No ranking do valor da produção agropecuária paulista, a laranja detém a terceira posição, atrás da cana-de-açúcar e da carne bovina. No ano passado, o suco de laranja foi um dos principais destaques da pauta de exportação do agronegócio de São Paulo, com vendas ao mercado internacional equivalentes a US$ 1,034 bilhão, o que representou 95,8% das vendas totais do País ao exterior e 21,1% acima dos US$ 854,22 milhões obtidos no ano anterior.

Menos café

A safra de café do Estado de São Paulo, segundo estimativa do IEA, deve atingir 2,85 milhões de sacas de 60 quilos, o que representará uma queda de 39% sobre a colheita obtida em 2002. A baixa é atribuída ao ciclo bianual da cultura (em um ano, as lavouras têm alta produtividade e no outro apresentam redução no rendimento) e também ao clima desfavorável. A área plantada com café sofreu uma pequena redução de 0,4%, atingindo 249,33 mil hectares. O Estado de São Paulo é o maior exportador de café verde do País. O porto de Santos responde sozinho por mais de 50% dos embarques brasileiros. São Paulo é também o principal mercado consumidor da bebida, absorvendo cerca de 40% do café industrializado.