Sabesp quer crescer atuando fora de SP e vendendo tecnologia

Valor Econômico - Quinta-feira, 14 de agosto de 2008

qui, 14/08/2008 - 11h30 | Do Portal do Governo

Valor Econômico

Maior estatal paulista, a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo, a Sabesp, prepara-se para cruzar as fronteiras do Estado pela primeira vez em seus 30 anos de atuação. Com a liberdade para atuar onde desejar por conta da Lei do Saneamento, em vigor desde o ano passado, a Sabesp quer ser uma concessionária de serviços de água e esgoto em todo o país e tornar-se uma das principais fornecedoras de tecnologia, equipamentos e processos para suas pares no Brasil. Este mês a companhia deu início à implantação de uma diretoria dedicada exclusivamente a buscar oportunidades de negócios fora do Estado de São Paulo e mesmo em outros países. Dentro de 60 dias a diretoria de Novos Negócios estará completamente instalada e inicia suas operações.

A Sabesp se nega a fazer uma estimativa de quanto essa guinada em direção a uma expansão geográfica pode impactar nas receitas da companhia. Mas os seus principais executivos estão apostando alto nessa estratégia e há quem diga que a atuação em outras regiões do país e a venda de tecnologia e serviços empresas parceiras pode tornar-se uma das suas principais fontes de renda. A companhia encerrou o semestre com um faturamento de R$ 3,28 bilhões e um lucro líquido de R$ 663 milhões. “Há um mar de oportunidades nessa área, é como se o petróleo estivesse aflorando na terra”, afirma o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, sem esconder o otimismo com a nova estratégia que começa a ser adotada.

O primeiro passo da Sabesp tem sido formalizar parcerias de cooperação técnica com outras estatais. Em um primeiro momento a companhia pretende transferir tecnologia para essas empresas, a fim de estreitar os laços entre elas. Em seguida, a estratégia é comercializar produtos, softwares, equipamentos e disputar concessões em conjunto ou mesmo sozinha. “A idéia com essas parcerias é iniciar um namoro que, esperamos, torne-se algo mais sério”, diz Gesner.

Nesse momento a Sabesp está prestes a fechar três dessas parcerias. As negociações já estão avançadas com as companhias estaduais de saneamento de Alagoas (

Casal

), do Rio Grande do Sul (

Corsan

) e do Espírito Santo (

Cersan

). Em todas elas, a Sabesp vai, inicialmente, mostrar, por exemplo, como tem conseguido reduzir as perdas no fornecimento de água ou como tem gerado receita com água proveniente de tratamento de esgoto. “Mas se eles quiserem implantar essas técnicas precisarão adquirir de nós o que foi desenvolvido aqui”, afirma o presidente da Sabesp.

Caberá exatamente à diretoria de Novos Negócios da companhia identificar o que pode ser comercializado. Eles percorrerão as 16 unidades de negócios da Sabesp em busca de softwares, equipamentos desenvolvidos pela empresa, processos e até mesmo mão-de-obra extremamente específica. Além disso, essa será a equipe que vai iniciar a prospecção de oportunidades em outros estados do país.

Este é só o início de um processo que a Sabesp espera, fará dela uma companhia internacional de prestação de serviços em águas e esgoto. O próximo passo é buscar parceiros privados ou mesmo públicos para expandir a atuação. Recentemente a companhia formou um consórcio com a espanhola

OHL

e conquistou o direito de explorar os serviços de saneamento de Mogi Mirim (SP).

A idéia é expandir essa experiência para outros estados e, quando possível, atuar de forma independente. “Nós acreditamos que temos tecnologia e experiência para atuar em mercados internacionais que tenham grandes concentrações urbanas, como a Índia, o México e a China”, diz Gesner de Oliveira.

Por enquanto não há nada concreto sobre os planos faraônicos de expansão da Sabesp. Certo mesmo é que a companhia vai centrar foco em 2008 na venda tecnologia e equipamentos. Os softwares desenvolvidos por ela são as meninas dos olhos para os executivos da empresa, ao menos neste momento. De acordo com Gesner, dois deles já despertaram o interesse de outras empresas.

Batizado de Aqualog, o sistema de tratamento de água desenvolvido pela Sabesp já está sendo negociado com algumas empresas de saneamento do país. Por meio do software e de alguns equipamentos desenvolvidos pela empresa, é possível reduzir em até 20% os custos operacionais, garante a Sabesp. Os custos de mão-de-obra, diz Gesner, podem ser reduzidos em até 50%. “Além dele, vamos apresentar nossa experiência de compras de insumos e serviços on-line, experiência pioneira no setor”, diz. Se as empresas se interessarem pelo sistema, terão também que desembolsar recursos para ter o software desenvolvido pela Sabesp.

Apesar de ainda ser um projeto extremamente embrionário é quase consenso entre os principais executivos da empresa, que têm 49,7% de suas ações nas bolsas de São Paulo e Nova York, que a expansão é a principal arma para a empresa crescer de forma rápida. “Esse é o caminho para um crescimento consistente e sustentável, há demanda de sobra para o que vamos oferecer ao mercado”, diz o executivo.