A securitização de contas de água custa 0,7% além do CDISabesp capta R$ 250 milhões com um fundo de recebíveis
Maria Christina Carvalho
De São Paulo
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo S.A. (Sabesp) acaba de captar R$ 250 milhões com a emissão de um fundo de direitos creditórios (FIDC), lastreado em contas de água.
Os recursos obtidos, que serão destinados à amortização de dívidas da empresa que vencem neste ano, custarão a metade do obtido em captação com debêntures feita no segundo semestre do ano passado, informou o diretor financeiro da Sabesp, Rui Affonso.
Com prazo de cinco anos e seis meses de carência, o fundo foi desenhado inicialmente pagar 1,25% ao ano além da variação do certificado de depósito interbancário (CDI) e acabou saindo por 0,7% no processo de bookbuilding, liderado pelo Banco Votorantim. No segundo semestre de 2005, lembrou Afonso, a Sabesp captou R$ 700 milhões com uma emissão de debêntures de prazo semelhante que custou 1,5% ao ano mais CDI.
A Sabesp tem R$ 1,35 bilhão em dívidas vencendo neste ano, das quais R$ 653 milhões em amortização. “É um ano tranqüilo”, disse Afonso, acrescentando que, em 2005, a empresa enfrentou quase o dobro em vencimentos, R$ 2 bilhões no total, incluindo um eurobônus de US$ 275 milhões e R$ 1,3 bilhão em amortizações.
Foi exatamente a liquidação de um montante significativo de dívidas que permitiu à Sabesp liberar recebíveis para montar o fundo. A empresa conseguiu liberar 65% dos recebíveis que gera. A Sabesp tem receita anual de R$ 5 bilhões.
O fundo Sabesp I é o primeiro FDIC lastreado em recebíveis da área de saneamento.
Mas, tem outras inovações: ele será lastreado no fluxo futuro de contas de água emitidas nos próximos cinco anos de clientes residenciais, comerciais e industriais, que pagam as faturas na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil (BB). Só nesses dois bancos os clientes da Sabesp pagam mensalmente R$ 100 milhões. Isso é muito mais do que o fundo precisa para as amortizações e despesas.
O fundo demandará inicialmente R$ 6 milhões mensais em recebíveis, valor que chegará a R$ 10 milhões, no máximo, informou o assessor da diretoria financeira, José Geraldo Portugal. A cada mês, as contas de um conjunto distinto de clientes serão utilizadas como lastro. Os clientes só serão identificados posteriormente. O administrador do fundo é a Caixa Econômica Federal e o custodiante, o BB. A transferência de informações e arquivos entre a Sabesp e os representantes do fundo (Caixa e BB) será eletrônica.
Além disso, a própria Sabesp subscreveu R$ 13 milhões em cotas subordinas, que podem ser usadas como garantia; e todos os outros bancos da rede arrecadadora poderão ser acionados em caso de necessidade. “A inadimplência é zero”, disse Portugal. Com essas redes de segurança, o fundo obteve o rating nacional de longo prazo “AA+(bra) pela Fitch.
