Valor Econômico
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) quer ampliar seu espaço de atuação junto ao setor privado. A estratégia é o lançamento do Sabesp Soluções Ambientais, um pacote de serviços para otimizar o uso da água e baratear o preço do produto para as empresas. Segundo o presidente da estatal, Gesner Oliveira, a expectativa é incrementar as receitas em cerca de 10%, o equivalente a R$ 500 milhões.
Um dos principais serviços a serem oferecidos é a venda de água de reuso, produto resultante do tratamento de esgoto, para uso em alguns processos industriais. A substituição da água potável por essa outra modalidade pode baratear em cerca de 40% o custo da água para as empresas, e dessa forma, a Sabesp espera conseguir ganhar mais clientes. “Temos espaço para avançar no segmento de empresas que utilizam caminhões pipa ou poços artesianos”, diz Oliveira. O portfólio atual de cliente da Sabesp para esse produto está em sete empresas e seis prefeituras.
A Sabesp produz hoje cerca de 100 mil metros cúbicos por mês de água de reuso, o que corresponde a 0,5% de todo esgoto tratado, um negócio que não rende muito, cerca de R$ 120 mil por mês. O produto não chega a ficar com qualidade própria para beber, mas pode ser utilizado para outros fins, como resfriamento de caldeiras, lavagem de equipamentos, tingimento de tecidos. “Pretendemos dobrar a disponibilidade de água de reuso nos próximos oito meses para atender a uma demanda maior” diz o presidente da empresa estadual.
Outra maneira de trazer clientes em potencial para a rede da Sabesp será oferecer o Programa de Uso Racional da Água (Pura), que consiste, entre outras coisas, na inspeção das instalações das empresas a fim de identificar possíveis vazamentos ou perdas devido ao mal uso da água. Já utilizado em prédios públicos, o programa tem apresentado uma economia de até 50% nas contas de água, segundo Oliveira. “Além de estimular o uso racional da água, com a redução da conta conseguimos fidelizar clientes e estimular a adimplência”, diz o executivo.
Para ajudar no planejamento do uso da água, o produto a ser oferecido pela Sabesp é o da “telemedição”, que permitirá ao cliente acompanhar em tempo real, pela internet, o uso de água. Uma outra medida de controle sobre o consumo é a medição individualizada em condomínio, que deve ser lançada em fevereiro de 2008. “Essa é uma demanda grande do mercado, mas ainda não temos para lançamento imediato”, diz o presidente da empresa.
A preocupação em estreitar os laços com os clientes corporativos é grande a ponto de a Sabesp flexibilizar o consumo mínimo para contratos de demanda firme, em que o cliente paga antecipadamente pela utilização de um determinado volume de água. A compra antecipada garante uma tarifa mais barata. No entanto, até hoje, as empresas tinham que consumir no mínimo 5 mil m3 de água por mês para entrar nesse programa. Esse limite deve passar agora para cerca de 3 mil m3 dentro da região metropolitana de São Paulo. “Queremos ampliar o universo de empresas que podem optar por esse tipo de compra”, diz Oliveira.
A Sabesp apresentará oficialmente seu pacote de serviços amanhã aos empresários, na na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
