O policiamento ostensivo em São Bernardo ganha nesta sexta uma nova modalidade tática de ação – o patrulhamento por meio de bicicleta. Quatro policiais militares atuarão nas imediações do centro comercial da rua Marechal Deodoro e a partir de segunda-feira começarão a trabalhar em toda a região central e no bairro Rudge Ramos. Segundo o subcomandante do 6º BPM-M (Batalhão da Polícia Militar-Metropolitano), major Ronaldo Ribeiro dos Santos, até o fim do mês a equipe terá um reforço de mais seis homens. O município é o primeiro na região a adotar esse sistema.
“Sugeri o projeto há um ano, inspirado no bom desempenho em cidades da Baixada Santista e do Interior. Só conseguimos viabilizá-lo após a doação de dez bicicletas – com 21 marchas – feita pelo Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) do Rudge Ramos, e da formação de nosso cabo André da Silva, na escola de educação física da PM. Ele tornou-se multiplicador para formar os outros companheiros da corporação na prática de táticas de perseguição, defesa e combate nas ocorrências”, explicou.
Os policiais que fizerem o policiamento com bicicletas receberão uniformes próprios com o logotipo da instituição (bermuda cinza, camisa pólo branca e capacete de proteção) para facilitar a flexibilidade dos movimentos dos policiais.
Segundo o major, com a bicicleta, a mobilidade é maior, principalmente para agir em ocorrências que envolvem ladrões de carteira, que são comuns nos centros comerciais. “Eles não precisam ser atletas, mas não podem ser sedentários. Serão um reforço aos colegas que patrulham com viaturas e a pé, com os quais terão contato por meio de rádios-comunicadores.”
“Num dia de patrulhamento a pé, por exemplo, conseguiria me deslocar a uma distância de cinco quilômetros. Já com a bicicleta, esse desempenho passa para 25 quilômetros. Vamos intercalar as pedaladas com caminhadas para não haver um desgaste da musculatura”, disse o cabo Silva.
Ele disse que após 12 anos na corporação, com atuação mais recente na ronda escolar, motivou-se a colocar em prática a modalidade porque acredita em sua eficiência. “Como sempre fui adepto à prática esportiva, trabalhar com a bicicleta aumenta a auto-estima da tropa porque chegamos mais perto da população e conseguimos manter o condicionamento físico para podermos ser mais ágeis.”
Bicicletas foram adotadas em 1956
O policiamento com bicicletas no Estado de São Paulo começou em 1956, na antiga Guarda Civil da capital. Segundo o major Orlando Eduardo Geraldi, comandante interino da escola de educação física da Polícia Militar, houve uma lacuna da modalidade da década de 70, quando houve a formação da Polícia Militar, até maio de 1998. Nesse período, em Bauru, no interior do Estado, três policiais de Miami, Estados Unidos, deram um curso de especialização a 37 policiais militares paulistas e três de Minas Gerais. A partir daí, o policiamento com bicicleta começou a ser difundido em todo o Estado. Atualmente, existe em cerca de 20 municípios.
Segundo o major, hoje é adotado em Americana, Barra Bonita, Bertioga, Guarujá, Guarulhos, Itapetininga, Lins, Lençóis Paulista, Marília, Pederneiras, Praia Grande, Ribeirão Preto, Santos, São José dos Campos, Taubaté, todas as cidades do litoral Norte, e mais recentemente na Capital.
De acordo com Geraldi, a escola de educação física da PM treinou cerca de 80 policiais da Capital, que passaram a atuar na área central, no bairro do Ipiranga, na zona leste (com atuação no Parque do Carmo), nos centros comerciais da zona oeste e no Parque Villa-Lobos, também na zona oeste.
“A vantagem da bicicleta é que ela facilita o contato mais próximo com a comunidade e completa uma lacuna do policiamento com viaturas e a pé. Além disso, tem baixo custo e não é poluente. O policial é preparado para andar em terrenos planos e acidentados”, afirmou.
No curso, que tem duração de um mês, os policiais têm dois terços de carga prática. Eles aprendem como fazer a manutenção da bicicleta, a abordagem e a imobilização do ladrão, entre outras táticas de atuação nas ocorrências.
Sucena Shkrada Resk
