Rio Tietê, um símbolo paulista

Jornal da Tarde - Artigo - Quarta-feira, 22 de setembro de 2004

qua, 22/09/2004 - 16h02 | Do Portal do Governo

O Tietê ajudou São Paulo a crescer, mas infelizmente se tornou vítima do crescimento desordenado

Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo

Os países, Estados, cidades, comunidades em geral, instituições e até mesmo algumas famílias adotam símbolos para representá-los, como as bandeiras, hinos, canções, brasões, etc. Em São Paulo, não tenho dúvida de que o Rio Tietê está entre os nossos mais importantes símbolos, pelo que representa para o povo paulista e para o próprio País.

Pela Lei nº 11.273, que tive a honra de promulgar em 2 de dezembro de 2002, passamos a comemorar a ‘Semana de Preservação do Rio Tietê’, na semana do dia 22 de setembro. O Tietê, em cada um dos seus 1.100 quilômetros de extensão, cruzando praticamente todo o nosso Estado, merece atenção, respeito e sobretudo muito trabalho de todos os que vivem em São Paulo.

O Tietê é sinônimo de São Paulo. Impossível sintetizar neste espaço o significado histórico, econômico, político, científico e sociocultural deste rio. O Tietê faz parte da ancestralidade indígena e foi estrada fluvial para as bandeiras e monções. O rio foi personagem ativo no desenvolvimento da cafeicultura e na industrialização. Suas águas foram espaço de lazer para regatas paulistanas até meados do século passado. O rio sempre foi fonte de água para múltiplos usos que sustentam a vida.

O Tietê ajudou São Paulo a crescer, mas infelizmente tornou-se vítima do crescimento desordenado. Agravaram-se problemas como a poluição e as enchentes na região metropolitana.

Ao chegarmos ao governo do Estado, em 1995, encontramos em fase inicial de implementação o chamado ‘Projeto de Despoluição do Rio Tietê’. O governador Mário Covas deu continuidade ao projeto mantendo seu objetivo geral, porém imprimiu-lhe novo ritmo de execução, com austeridade e competência administrativas exemplares.

O Projeto Tietê, na região metropolitana de São Paulo, com apoio financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento BID e da Caixa Econômica Federal, teve uma primeira etapa com investimentos de US$ 1,1 bilhão, encerrada em 1998. Ampliou significativamente a infra-estrutura de coleta, afastamento e tratamento de esgotos domésticos e industriais, atendeu 1 milhão de pessoas com ligações à rede de esgotos, levou o índice de coleta para 80%, aumentou a capacidade de tratamento de esgotos de 24% para 62% e reduziu a carga poluidora em 120 km do Rio Tietê em direção ao interior. Graças a esse trabalho, reapareceram algumas espécies de peixes em Itu e em Salto.

A segunda etapa, que está em execução, consumirá US$ 400 milhões, financiados parcialmente pelo próprio BID e pelo BNDES, e deverá estar concluída até o final de meu governo, beneficiando mais 1,2 milhão de pessoas com ligações de esgoto, elevando o índice de coleta para 84%, a capacidade de tratamento para 70% e reduzindo a carga poluidora em mais 40 km para jusante.

Esse projeto inovou ao incorporar a participação e monitoramento independente da sociedade civil. Mediante parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, 300 equipes de monitores do Núcleo Pró-Tietê acompanham e divulgam a situação do rio em toda a sua extensão.

Em outra frente, com apoio financeiro do Japan Bank for International Cooperation JBIC, avançamos no controle de inundações. De 1998 a 2003, aprofundamos 16 quilômetros da calha do Rio Tietê da Barragem Edgard de Souza até o Cebolão, construímos as Barragens dos Rios Biritiba e Paraitinga, afluentes do Tietê, e canalizamos 10,3 mil metros do Rio Cabuçu de Cima, com investimentos de mais de R$ 400 milhões.

O governo executa neste momento a fase II do projeto, que prevê o alargamento e aprofundamento do rio em mais 24,5 quilômetros de extensão, até a Barragem da Penha, com aplicação de R$ 688 milhões. Já estamos há dois anos sem enchentes no leito do Tietê, o que é uma grande vitória para São Paulo. Nas margens do Rio Tietê na Capital serão construídos jardins que darão novo aspecto ao rio.

Mas não bastam obras, por mais vultosas que sejam. Há necessidade de trabalho preventivo, de engajamento e educação da sociedade, em toda bacia hidrográfica. O Tietê, que tanto fez por São Paulo ao longo de 450 anos de história, merece toda a nossa dedicação e o nosso trabalho.