Ressurgindo das trevas

O Estado de S. Paulo - 26/6/2002

qua, 26/06/2002 - 11h23 | Do Portal do Governo

O secretário de Estado da Cultura, Marcos Mendonça, marcou para o dia 4 a reinauguração do antigo prédio do Dops, agora transformado no Museu do Imaginário do Povo Brasileiro.

O arquiteto Haron Cohen, chamado para a tarefa de restauro e adaptação, fez um trabalho que é aplaudido por quem visita a fase final da obra.

As fachadas do prédio de 1917 ressurgiram belíssimas em seu estilo fin-de-siècle. Especialmente quando iluminadas à noite. Das torres laterais vêem-se os prédios das duas grandes estações. Dos janelões que dão para a Duque de Caxias, nos impressionantes salões que se formaram nos andares depois que Cohem os livrou das centenas de paredes e paredinhas construídas ao longo de cerca de 85 anos, vê-se o prédio de 1928, arrendado e restaurado pela secretaria, onde será instalada a escola de música contemporânea que leva o nome de Tom Jobim. Essas vistas dão a idéia do imenso complexo cultural que se criou na região nos anos Covas/Alckmin.

O novo museu terá uma área expositiva de cerca de 5 mil m2. Que servirá para mostras temporárias e para o acervo reunido sob a curadoria de Emanoel Araujo. No dia da inaguração, no entanto, o que se verá é uma exposição de arte do artista goiano Siron Franco e outra mostrando a história do prédio, que nasceu para ser um grande galpão da empresa ferroviária inglesa para guardar café e depois foi transformado no Dops, desde os anos 30, até o período de trevas e torturas dos anos militares. A primeira mostra do acervo popular foi marcada para o dia 7 de setembro.

Na parte que serviu de cadeia, durante os anos de repressão, será criado o Memorial da Liberdade. Podem ser visitados o corredor e as celas onde estiveram presos os que se insurgiram contra os regimes de exceção, que parecem já exorcizadas dos horrores acontecidos lá dentro. O acervo do Memorial será toda a documentação do Dops, que poderá ser consultada por meio de terminais de computadores.

As obras de restauro do prédio do Dops custaram cerca de R$ 12 milhões, a maior parte vinda do governo federal, via Minc.

Cesar Giobbi